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Review de Phantasy Star I (Master System)

Autor: André Breder Rodrigues

Lançado para o Master System em 1988, Phantasy Star foi um jogo revolucionário para a sua época! Tudo neste jogo estava muito acima dos RPGs lançados até então, só pra resumir as coisas! O jogo trazia uma história simples mas cativante, gráficos maravilhosos, músicas bacanas e acima de tudo, proporcionava muitas horas de diversão! Com tantas qualidades, não era preciso ser vidente para prever o que aconteceu: Phantasy Star conseguiu uma legião de fãs ao redor de todo o mundo, e foi o grande rival da série Final Fantasy, que na época era exclusividade da Nintendo.

No Brasil as coisas não foram diferentes! A Tec Toy (que até hoje detém os direitos de comercialização dos produtos da SEGA) fez uma ótima campanha de marketing para promover o jogo em nosso país, além de tê-lo traduzido completamente para o português!

E especialmente para nós brasileiros, Phantasy Star surgiu como algo ainda mais revolucionário do que realmente era, já que na época o gênero RPG era conhecido por pouquíssimos jogadores de nosso país. Portanto, Phantasy Star foi o primeiro RPG para a grande maioria, que ficou maravilhada com as possibilidades que um jogo do gênero permitia! Nada de fases em linha reta e objetivos repetitivos! Phantasy Star trazia um sistema solar inteiro para ser explorado, onde o jogador teria uma liberdade de ação jamais vista antes!

Tudo bem que o jogo em si possui um roteiro a ser seguido, com objetivos que devem ser cumpridos para que o jogador prossiga na história do mesmo. Mas ainda assim o jogador teria inúmeras opções do que fazer durante o jogo, sendo livre para escolher em qual área travar combates, por exemplo. Ou ainda quais armas ou armaduras comprar para melhorar os atributos de seus personagens… realmente foi “um novo mundo” para um imensa massa de jogadores brasileiros, que estavam acostumados com jogos onde as opções eram basicamente apertar um botão para pular e outro para atirar ou atacar.

Outra novidade trazida para o público brasileiro por meio de Phantasy Star, foi a do primeiro jogo de longa duração. Diferente dos jogos mais tradicionais, que eram terminados em poucas horas, Phantasy Star trazia um número tão grande de desafios e objetivos a cumprir, que iria fazer os jogadores passarem dias, e até semanas jogando, para se conseguir chegar no final do jogo. Quem viveu na época em que foi lançado aqui no Brasil, deve se lembrar da propaganda que a Tec Toy fazia de Phantasy Star, colocando-o como um jogo de 3 meses de duração (que ela dizia ser o tempo gasto por sua equipe para terminar o jogo pela primeira vez). Exageros a parte, Phantasy Star ainda sim era realmente grande, e por isso o cartucho do mesmo vinha com uma bateria inserida no chip de RAM, onde o jogador poderia salvar o seu progresso no jogo, e continuar quando bem entendesse.

A história de Phantasy Star se passa no sistema solar Algol, no século 342. Todo o sistema é governado pelo Rei Lassic, um homem que foi totalmente corrompido pelo mal e que parece desejar a destruição de todos os três planetas do sistema. Nero, o destemido guerreiro a serviço do povo, foi morto pelos robôs do tirano Lassic, quando tentava desvendar seus segredos. Porém, antes de morrer, entregou sua espada à sua irmã Alis, pedindo a ela que encontrasse um guerreiro chamado Odin, para ajudá-la a vencer Lassic. Alis parte então em uma missão em busca de vingança e também para salvar todo o povo do sistema Algol da tirania de Lassic.

Colocar um personagem feminino como protagonista, foi uma das inovações trazidas por Phantasy Star para o mundo dos games, já que na época isso era raro ou praticamente inexistente. Normalmente as mocinhas nos jogos eram frágeis e sempre colocadas como vítimas da algum ser do mal, e tinham o único trabalho de ficar esperando a vinda de um herói “truculento” para salvá-las. Alis, apesar de manter a beleza feminina e o ar doce, não era nada frágil, e tampouco indefesa! Pelo contrário, possuía uma grande habilidade no manejo de espadas e era forte o suficiente para começar o jogo sem a ajuda de ninguém.

Mas no decorrer do jogo, Alis passaria a contar com a ajuda de mais três personagens, sendo eles: o gato Myau, o forte guerreiro Odin, e o feiticeiro Noah. Cada um dos quatro personagens principais do jogo possuía suas próprias características, fazendo com que o jogador tivesse que usar de estratégia para utilizá-los da melhor maneira possível. Além das possibilidades básicas de atacar, ou fugir, entre outras, no decorrer da aventura três dos personagens iam aprendendo úteis magias, de acordo com a evolução que ia se conseguindo ao acumular pontos de experiência. Estes pontos eram obtidos com a derrota de monstros durante as batalhas, que também davam baús com dinheiro ao jogador ao serem vencidos. A moeda do jogo é a Meseta, e é com esse tipo de dinheiro que o jogador poderia comprar novas armas e equipamentos na lojas, bem como pagar um estada no hospital para curar seus ferimentos ou ainda comprar alimentos numa espécie de lanchonete.

São três planetas que podem, e devem, ser explorados durante o jogo. Cada qual possui suas características: Palma é o planeta onde predomina o verde e as florestas; Motávia é um planeta seco e desértico; e Dezoris é um planeta com baixas temperaturas e onde a neve é predominante. Para se deslocar de um planeta a outro, é necessário fazer o uso de uma espaçonave! Quem sempre sonhara em visitar outros planetas, com a mesma facilidade que vemos na série cinematográfica Star Wars, iria ver esse sonho se realizar, mesmo que virtualmente, jogando Phantasy Star. E por falar em Star Wars, o universo fantasioso dos filmes de George Lucas, com certeza foi uma forte influência em Phantasy Star.

Além de espaçonaves, o jogo também oferecia aos jogadores a experiência única de se dirigir um Land Rover, sendo então capaz de passar ileso pelas perigosas formigas-leões dos desertos de Motávia; e também de se guiar um Hovercraft, cruzando então os mares e rios, até mesmos os de lava, com uma facilidade incrível.

Em se tratando de gráficos, o jogo realmente surpreendeu na época em que foi lançado! Tudo era muito bem feito e na frente de seu tempo! Os desenhos dos personagens e monstros eram de um bom gosto indiscutível! Os cenários do jogo eram muito complexos e bem montados! As cidades e vilas do jogo eram ricas em detalhes, com várias casas e locais para se visitar, e ainda várias habitantes para o jogador interagir. Fora a variação de cenários que se encontrava durante a jogatina, onde o jogador poderia se aventurar por campos abertos, florestas, desertos e até mesmo na neve, tudo representado de maneira perfeita graficamente!

Algo que também chamou a atenção em termos técnicos, era a animação dos monstros durante as batalhas. Só para se ter uma idéia, na época os outros jogos de RPG tinham monstros que ficavam praticamente imóveis durante uma luta. Phantasy Star trouxe então uma grande inovação nesta área também. Até mesmo no mapa do jogo havia detalhes interessantes a ser observados, como o oceano e as passarelas entre as cidades se movendo. Tudo isso ajudava a dar mais vida ao jogo! Os labirintos em 3D então, era algo realmente espetacular e foi um dos pontos altos do jogo com toda certeza!

A trilha sonora é mágica! São vários temas musicais que ditam perfeitamente os diversos climas que o jogador irá passar ao se aventurar no sistema Algol. Nas cidades e vilas a música é calma e tranqüila; na tela do mapa dos planetas ela é pra cima e bem contagiante; nos labirintos a música pode ser agitada, lenta e misteriosa, ou ainda épica (o tema musical das torres é algo realmente especial, e até emocionante)! O tema principal dos combates é uma música bem rápida e passa um clima de perigo e tensão para o jogador de forma perfeita! Agora os dois grandes destaques da trilha sonora de Phanasy Star, na minha opinião, são justamente os temas dos dois vilões supremos do jogo: os temas de Lassic e de Dark Falz são de arrepiar, tamanha a qualidade dos mesmos! Enquanto o de Lassic dá um clima gostoso de “é a hora da vingança”, o de Dark Falz é tão sombrio que pode causar até medo e pavor! Os efeitos sonoros também ficaram excelentes, reproduzindo muito bem os diversos sons encontrados durante todo o jogo. Quase tudo no universo de Phantasy Star tem um som característico.

Uma curiosidade em relação ao som do jogo: os sortudos japoneses puderam curtir os sons de Phantasy Star de uma maneira única, graças ao Chip Yamaha YM2413 presente apenas no Sega Mark III (o Master System Japonês), que dava a vantagem de um som em FM. Os modelos do Master System lançados nas outras partes do mundo (inclusive no Brasil), não contaram que esse tipo de tecnologia.

A jogabilidade de Phantasy Star é bem simples e funcional. Durante as batalhas, na maioria das vezes o jogador só precisará ficar apertando o botão de ataque, mas claro, haverá momentos em que será necessário escolher uma magia de ataque ou de cura, ou ainda usar um item, mas tudo podendo ser acessado de maneira rápida pelo menu do jogo. Fora de combate os personagens se movimentam com certa rapidez, e podem usar os botões do controle para acessar o menu do jogo ou para conversar com algum personagem, entre outros comandos básicos.

Como todo RPG, a dificuldade no jogo acaba dependo mais do jogador. Se ele for cauteloso e procurar sempre evoluir seus personagens antes de entrar naquele local onde os monstros são mais fortes, ele não terá grandes dificuldades no decorrer da aventura. Outra precaução indispensável é o de sempre melhorar os equipamentos dos personagens, onde o jogador deverá sempre ter as melhores armas e armaduras possíveis. Gastar boas horas lutando com monstros que não estejam acima do nível dos personagens do jogo é primordial para se acumular dinheiro necessário para isto. Quanto ao progresso na história do jogo, caberá ao jogador procurar conversar com todas as pessoas que ele encontrar nas cidades e vilas do sistema Algol, e anotar sempre as dicas e informações importantes que elas passam. E quando for entrar em um labirinto, é altamente recomendável que se pegue papel e caneta para fazer um mapa, pois haverá no jogo labirintos com muitos níveis, alguns onde se perder será a coisa mais fácil do mundo.

Para concluir: Phantasy Star é sem dúvida um dos melhores jogos de RPG lançados até hoje! A série não poderia ter começado de forma melhor! Não foi por acaso que, anos após seu lançamento, que Phantasy Star veio a conseguir a 26ª posição no ranking da revista Electronic Gaming Monthly (EGM Brasil em nosso país) no artigo “The Greatest 200 Videogames of Their Time”.

André Breder Rodrigues é editor do site Castlevania Legends

fanworks/reviews/review_ps1_andrebreder.txt · Última modificação: 2009/01/16 13:36 por orakio