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Por James Maxlow e Mike Ripplinger
Traduzido por Orakio Rob
O homem diante deles era uma visão e tanto. Vestido em um longo e branco manto com um capuz que cobria boa parte de seu rosto, ele era alto e magro. Seu cabelo era de uma azul brilhante, e ele segurava um longo cajado. Sua postura transparecia orgulho, talvez até um pouco de desprezo.
Odin se ergueu e ajudou Alis a se levantar. “Quem são vocês?” o desconhecido perguntou novamente. “O que fazem aqui?”
Como já era de costume, Alis foi a primeira a responder. “Sou Alis Landale. Esse é Odin, e esse é Myau. Você é Noah, o Esper?” A expressão do homem era de impaciência.
“Sim, eu sou Noah. Mas estou ocupado com meu treinamento agora. Não me atrapalhem. Saiam. Vocês não são bem-vindos aqui.”
“Mas espere, viemos de longe para vê-lo. Tenho uma carta do governador…” Alis retirou o envelope fechado da sacola e deu a ele.
Parando por um momento, Noah disse rispidamente, “Deixe-me vê-la.” Noah a pegou e abriu. Enquanto ele lia, Odin sussurrava para Myau, “não é exatamente um sujeito amável, não é?” Myau ergueu a sobrancelha como resposta, e Alis lançou um olhar severo para Odin.
Noah então dobrou a carta e ergueu os olhos. “Nossa missão está clara; devemos proteger os planetas do Sistema Algol do mal. Temos que encontrar o Dr. Luveno. Vamos.” Surpresa, Alis falou. “Espere! Só um minuto… você acabou de dizer que não queria…”
“Não temos tempo para discutir. Devemos partir imediatamente. Explicarei tudo com prazer no caminho. Há uma passagem secreta para fora que podemos tomar para evitar os monstros da caverna. Vamos.” Com isso, Noah se virou, apanhou uma sacola, e começou a caminhar para os fundos do aposento. Tocando o muro, uma porta secreta se abriu, e escadas levavam para cima. “Vamos,” ele disse impacientemente por sobre os ombros.
Alis olhou para seus companheiros, que estavam tão chocados quanto ela, e então seguiu pela porta. Os outros foram logo atrás.
Noah aparentemente tinha alguma fonte de luz em algum lugar, já que o caminho à frente permanecia sempre iluminado enquanto atravessavam. Três lances de escada os levaram a outra porta. Com um toque de Noah, ela se abriu; a brilhante luz solar do dia Motaviano os recebeu. Ao saírem da caverna, Alis notou que esse lado da passagem estava camuflado: eles haviam saído da caverna pelo que parecia ser a própria montanha. Eles estavam a uns trinta metros do local por onde haviam entrado anteriormente.
“Muito bem, agora vamos a algumas explicações,” Alis exigiu com confiança. “Há poucos momentos atrás, você ia nos chutar pra fora, e agora quer nos ajudar a salvar o mundo. O que dizia aquela carta?”
“Eu lhe devo uma explicação,” Noah disse, “mas vamos, eu explicarei em nosso caminho de volta a Paseo. Está bom assim?” Alis concordou, e o grupo seguiu em frente. Alis e Noah foram na frente, com Odin e Myau vindo atrás. “O Governador e eu temos um amigo em comum,” disse Noah. “A carta falava sobre seu plano de destruir Lassic e libertar Palma de seu poder. Sirus acredita que eu posso ajudar vocês.”
“Bem, com certeza é uma ajuda valiosa termos um Esper ao nosso lado… estamos felizes que esteja conosco. Quem é esse Dr. Luveno que você mencionou?”
“O Dr. Luveno talvez seja a maior mente científica de Algol. Ele tem conhecimentos técnicos para nos fornecer uma espaçonave.”
“Uma nave?” Odin perguntou. “Uma espaçonave?”
“Sim,” foi só o que Noah respondeu.
“Pra quê precisamos de uma espaçonave? Podemos continuar usando os espaçoportos para viajar entre Palma e Motávia.” Alis estava confusa.
“Não podemos confiar em um sistema controlado por Lassic para nos levar para onde precisamos ir. Existem muitas tarefas a nossa frente, e para termos sucesso precisaremos de nossa própria espaçonave.”
“Do que você está falando? Não entendo o que você quer dizer…” Noah parou, perdendo a paciência.
“Vejo que vocês não criaram um plano de verdade para derrotar Lassic. Deve ter sido por isso que o governador os enviou a mim. Os Espers tem conhecimento de muitas coisas invisíveis aos Palmianos normais. Vocês devem acreditar em mim quando digo o que devemos fazer. Nossa estrada não será fácil, mas é o único caminho.”
“O que devemos fazer, Noah?” Myau perguntou.
“Nosso objetivo principal antes de confrontarmos Lassic será viajarmos a Dezóris e nos apossarmos do Aeroprisma. Só com o Prisma Lassic cairá.”
- - -
Os quatro haviam acabado de sair do vôo Paseo-Camineet. Noah os estava levando a um canto abandonado do espaçoporto Palmiano. Alis havia decidido confiar nele, embora suas ações ainda a confundissem.
Indo para trás de uma construção, Noah explicou. “Há uma porta secreta logo ali que leva a uma passagem subterrânea. Ela nos levará à Floresta Gothic.”
“Mas a Floresta Gothic fica além do rio,” Myau acrescentou. “A passagem segue por baixo do rio?”
“Sim, amigo. Ela nos levará até a pequena cidade de Gothic, onde Dr. Luveno mora. Tem servido como um bom esconderijo dos homens de Lassic para nós, Espers.”
E lá foi ele novamente, dando alguns passos à frente. Ele se ajoelhou e usou seu cajado para abrir uma pequena porta camuflada no solo. “Ajudem, por favor,” ele pediu. Odin imediatamente foi a seu auxílio e ambos abriram a passagem. Todos desceram cautelosamente pela passagem. Mais uma vez o caminho foi iluminado por Noah, ainda que Alis continuasse não vendo lanterna alguma. Ela fechou a porta atrás deles.
O caminho diante deles se estendia além do que a luz podia alcançar. O túnel era bem simples, em nada diferente das cavernas nas quais eles já haviam estado. “Não se preocupe,” disse Noah, “vocês não encontrarão monstros nessa caverna.” Odin não parecia convencido, e mantinha seu machado em posição de combate.
Eles levaram menos de quinze minutos para transpor a passagem, em silêncio. Na outra ponta, havia um portão através do qual eles podiam ver as ruas de uma pequena cidade. Logo eles sairiam da passagem.
“Bem-vindos a Gothic, meus amigos. Essa cidade nos servirá bem em nossa jornada. A casa de Dr. Luveno fica logo ali”, Noah declarou apontando, “ele certamente irá nos ajudar.” O grupo caminhou até uma casa próxima, e Alis notou que as ruas estavam desertas. Noah bateu na porta, ninguém respondeu. Depois de bater de novo, um homem na casa ao lado pôs a cabeça para fora da janela e os chamou.
“Noah!”
“Tybal, meu amigo, onde está o doutor?”
“Entrem, entrem”, o homem respondeu. Noah entrou na casa do homem, enquanto Alis e os outros hesitantemente seguiram-no.
Lá dentro, Tybal apertava a mão de Noah. “É bom vê-lo de novo, Noah. Já faz um bom tempo.”
“Sim, amigo, faz mesmo. Mas estamos procurando pelo doutor… onde está ele?” Uma expressão triste tomou os olhos de Tybal.
“Ele foi feito prisioneiro pelos homens de Lassic.”
“O quê?!? Noah disse surpreso.
“É verdade. Não mais que duas semanas atrás robotcops invadiram sua casa e o levaram. Estamos perdidos sem ele, Noah! Você sabe que ele era o nosso líder… A cidade perdeu a vida desde que ele se foi. Todos tem medo de sair de suas casas, temendo que os robotcops suspeitem que estão envolvidos na resistência! Você tem que nos ajudar, Noah!”
“Acalme-se, Tybal”. Noah fez o homem sentar em uma cadeira; Noah e os outros também se sentaram. “Vamos libertá-lo. Assumo que ele tenha sido levado para a prisão Gothic?”
“Eu não sei, eu não sei… eles apenas levaram-no. Ele pode até estar morto…” Lágrimas corriam pela face de Tybal. Noah pôs a mão em seu ombro.
“Não diga uma coisa dessas, Tybal. Vamos encontrá-lo e trazê-lo de volta. Não se preocupe”. Noah se levantou, e chamou os outros para fora. “Ele está histérico. Essa cidade virtualmente adorava ao Dr. Luveno; perdê-lo é um grande golpe”.
“Se precisamos dele para construir a nave, como o encontraremos?” Alis perguntou.
“Provavelmente, se ele estiver vivo, foi levado para a prisão Gothic ao sul daqui. Temos que viajar até lá.”
Odin sorriu. “Fuga da prisão, hein? Que divertido…”
* * *
O caminho para Gothic era difícil. Para se alcançá-la da cidade de Gothic, era necessário atravessar as densas florestas ao pé das intransponíveis montanhas. Quando a noite caiu, Alis lembrou-se de sua viagem anterior pela floresta de Eppi, e esperou que essa não fosse tão perigosa. Noah garantiu que seria.
Ainda que a noite os houvesse alcançado, o caminho ainda estava iluminado. “Noah, de onde vem essa luz? Ela o cerca aonde quer que nós vamos, mas eu não o vi acionar nenhuma lanterna. É mágica?”
“De certa forma, Alis, suponho que sim. Eu carrego uma 'Lâmpada mágica', um item que gera raios de luz quando as trevas estão presentes. Isso me poupa o trabalho de invocar uma magia de luz. Todo Esper recebe uma no início de seu treinamento. Os mestres Espers as carregam de uma poderosa magia quando elas são construídas; depois disso, elas não precisam de mais atenção…”
“Esperem!” Odin interrompeu. “Um homem-morcego, logo à frente. Eu cuidarei dele.” Odin deu um passo à frente, com o machado em prontidão, e Alis viu a fera nas trevas à frente deles. Ela se movia lentamente para a direita, mal se fazendo notar, preparando o ataque. Noah pôs a mão no ombro de Odin.
“Não, há uma maneira mais segura”. Assumindo a frente, deixando Odin a uma distância segura, Noah ergueu seu cajado. Seus músculos se contraíram, e poucos segundos depois, seu braço se estendeu à frente.Imediatamente, a ponta de seu cajado acendeu, e uma pequena e brilhante bola de fogo foi disparada, atingindo a criatura em um instante. Enquanto ela queimava, emitindo um som horrível, outra bola de fogo saiu do cajado, atingindo a criatura em chamas. Segundos depois ela caiu morta, ainda queimando. Odin estava paralisado diante da demonstração; a própria Alis estava chocada com o ocorrido.
“Isso foi…” ela sussurrou.
“Magia”, Noah respondeu, “em sua forma mais concentrada. Esse é o mundo no qual você está destinada a entrar se quiser desafiar as forças de Lassic. Não pode haver piedade, nem receio, ao confrontarmos o mal.”
Alis ainda estava em transe. “Você pode… me ensinar…”
Noah olhou para ela com calma reserva. “Eu não posso deixar de ensiná-la. Você precisa aprender, para ter sucesso. Mas isso pode esperar. Vamos, ainda temos uma longa jornada à nossa frente”. Noah seguiu em frente.
E Alis sabia que tudo havia mudado.