Por James Maxlow e Mike Ripplinger
Traduzido por Orakio Rob
Logo se tornou óbvio para Alis e Odin que atravessar desertos e montanhas não era uma tarefa adequada aos gatos almiscarados. Myau estava visivelmente enfraquecido pelo calor, tanto que após três horas de viagem, Odin se ofereceu para carregá-lo pelo resto do caminho. Myau recusou polidamente, preferindo suportar a exaustão que o atingia.
O caminho para a caverna Maharu era bastante simples, de acordo com o mapa. Mas esta não levava em conta as várias feras encontradas no caminho, nem os numerosos sandworms, similares aqueles que Alis e Myau confrontaram em sua viagem anterior a Motávia. Mesmo com Myau enfraquecido, o grupo se saiu muito bem já que Odin se mostrava de grande valia. Após seis horas de jornada, eles alcançaram a passagem na montanha que levava diretamente à caverna. Eles concordaram em acampar aqui para descansar. O governador deu a eles muita água, e agora eles estavam muito gratos por isso. Havia um ponto bem na boca da passagem que parecia bastante adequado; haviam apenas poucos arbustos em volta, de forma que els não poderiam ser surpreendidos por monstros. Ao menos era o que eles esperavam.
Eles se sentaram e removeram suas mochilas, e Alis retirou a parte mais pesada de sua armadura. Odin estava vigilante como sempre, e segurava seu machado enquanto olhava em volta. Alis começou a conversar com Myau. “O governador disse que Noah é um Esper. Eu me lembro deles, vagamente, da minha infância. Às vezes Nero e eu brincávamos, eu era um Esper, e ele um monstro. Nós lutávamos e eu usava minha magia para derrotá-lo.”
“Uma brincadeira de criança que se tornaria uma sombra do futuro,” Myau comentou. “Meu povo tinha muitas histórias envolvendo Espers, apesar de eu nunca ter encontrado um. Eles apareciam bastante em Palma, mas acho que não restou mais nenhum por lá. Eles parecem ter desaparecido de repente.”
“Foi obra de Lassic,” disse Odin. Alis e Myau se surpreenderam. “Há não muito tempo atrás, dizem que Lassic trouxe os mais poderosos Espers a seu castelo, para que encontrassem uma forma dele viver para sempre.”
“Um inferno eterno, para Palma,” foi a resposta de Myau.
“Eles não cumpriram seu pedido, para nossa sorte. Algum tempo depois disso, eles foram banidos de Palma.”
Alis se surpreendeu. “Banidos? Eles foram para Motávia?”
“Sim,” disse Odin. “Apesar de alguns terem ficado escondidos em Palma, a maioria veio para este planeta. Existem até mesmo rumores de Espers em Dezóris.”
O silêncio caiu entre eles, que seguiam seus próprios pensamentos. O sol de meio dia ainda brilhava, mas dez minutos depois eles já partiam novamente, entrando na passagem da montanha.
O silêncio caiu entre eles, enquanto cada um seguia seus próprios pensamentos. O sol de meio-dia ainda brilhava forte, mas dez minutos depois eles já prosseguiam novamente, entrando pela passagem na montanha.
Enquanto prosseguiam, eles logo encontraram um pequeno grupo de criaturas alguns metros à frente. Os animais pareciam usar algum tipo de vestimenta, e gesticulavam uns para os outros. Cuidadosamente, Alis e seu grupo se aproximaram deles. Agora seu aspecto se tornara mas perceptível. Eles vestiam mantos vermelhos e marrons, e deviam ter um metro e meio de altura. Eram cobertos por uma pelugem azul, e lembravam um pouco um rato comum, apesar de terem forma humanóide. Uma das criaturas percebeu os estranhos, e rapidamente disse algo para os outros enquanto apontava para Alis, Myau e Odin.
“O que são eles?” Alis perguntou.
“Eu não sei,” disse Myau, “mas eles parecem ser inteligentes. Devemos falar com eles, e tentar evitar um confronto.” Odin concordou, e Myau andou na direção do grupo, estando agora a uma pequena distância. As criaturas se aproximaram umas das outras, como se esperassem por um ataque.
“Saudações, meus amigos. Não somos dessa área…” Myau disse. “Vocês entendem minhas palavras?” Uma das criaturas deu um passo a frente e falou, sua voz era bastante aguda.
“O que vocês querem de nós? Deixem-nos!” Myau se surpreendeu com esses comentários.
“Não viemos atrás de vocês, na verdade. Estamos indo para a caverna Maharu, logo à frente. Que tipo de criaturas vocês são?”
“Somos Motavianos, mas deixe-nos. Não queremos lutar com vocês.” A timidez da criatura era bastante evidente. “Por favor, parta agora, deixe-nos.”
“Não queremos machucá-los, amigos. Sei que vocês podem perceber isso.” Enquanto Myau falava, Odin notou que ainda empunhava seu machado. Em silêncio, ele o escondeu atrás das costas. Vendo isso, o grupo de criaturas começou a se afastar, escalando as montanhas que formavam a entrada da passagem. Em instantes, eles já haviam sumido.
“Que seres estranhos,” Myau pensou.
“Eles pareciam estar morrendo de medo de nós…” Alis disse.
Myau respondeu, “Talvez existam pessoas nesse planeta que justifiquem seu medo… eles disseram ser Motavianos, Motavianos nativos, aparentemente.”
“Talvez os mineradores não tenham relações muito boas com eles,” Odin comentou. “Isso pode explicar a reação deles a nós.”
“Mas o que os mineradores podem ter contra essas criaturas? Eles pareciam bastante inofensivos…” Ninguém tinha uma boa resposta. Os três continuaram a caminhar, se aproximando de seu destino.
E em alguns minutos chegaram. A entrada da caverna Maharu não era muito diferente das entradas das duas cavernas que eles já haviam explorado anteriormente. Talvez as cavernas Motavianas tenham sido construídas pelos mesmos que construíram as cavernas de Palma? Mas isso não importava agora. Os guerreiros empunharam suas armas, ajustaram suas armaduras e olharam um para o outro, em silêncio. Alis pegou sua lanterna e prendeu-a ao cinto, enquanto a acendia. Com um aceno de cabeça, ela pôs todos para dentro da caverna.
- - -
“Está atacando de novo!” Myau gritou. Uma aranha gigante corria na direção deles na estreita passagem. Odin ergueu seu machado sobre a cabeça e o desceu no abdômen do monstro. Agitando-se com o choque, a criatura movia freneticamente as patas dianteiras, lançando Odin contra a parede. Atrás dele, Alis saltou à frente, quase não escapando das patas, e enfiou a ponta da espada no olho esquerdo da aranha. As patas dela pararam de se mover, ela estava aparentemente morta. Mas de vez em quando ela tremia, como se lutasse pela vida.
Alis rapidamente recuperou sua espada e foi até Odin, que jazia contra o muro. “Você está bem? Você bateu com a cabeça…”
Inclinando-se para a fente, Odin levou as mãos à cabeça e gaguejou uma resposta. “Vou estar bem logo… ungh, se você pudesse… me ajudar a levantar…” Alis segurou sua mão e o ajudou a se levantar. “Eu devia estar preparado para isso… nesse espaço fechado, tenho que me defender melhor… estúpido, estúpido…”
“Nao mesmo, amigo,” Myau disse. “Qualquer um de nós teria sido morto por aquele golpe… você é o único forte o suficiente para sobreviver aquilo. Fique parado e deixe-me usar minha magia de cura em você…”
“Não, não, nós não temos tempo. Essa caverna está entupida de feras, e devemos continuar andando. Temos que achar Noah e sair daqui o mais rápido possível. Vou ficar bem.” Odin respirou fundo, e então pegou seu machado e voltou a caminhar. “Vamos, vamos lá,” ele disse por sobre os ombros. Alis e Myau o seguiram, ainda que tenham trocado olhares de preoupação por seu companheiro.
Eles já estavam na caverna a mais de vinte minutos, e foram atacados por vários monstros. A caverna parecia um labirinto interminável; apenas a grande idéia de Myau de marcar o caminho com cortes de espada os salvou de se perderem completamente. Enquanto viravam em mais uma curva, Myau gritou novamente. “Tem mais deles! À frente e atrás!” Alis se virou, e viu um dos olhos alados se aproximando deles. À frente, outra aranha se aproximava lentamente. Não havia para onde fugir.
“Eu cuido desse!” Alis gritou enquanto apontava sua espada para a fera voadora. Myau pulou para trás dela, pronto para ajudar Odin em sua batalha contra a aranha. A espada de Alis reluziu quando ela derrubou a criatura com um único e veloz golpe. Ela foi ao chão, com seu corpo fatiado em dois. Mas o som de asas que acompanhava sua presença não havia sumido. Erguendo os olhos, Alis viu mais duas criaturas no fundo do corredor, voando em direção a eles. “Tem mais problemas a caminho!” ela gritou enquanto se virava. Odin batalhava com a aranha, golpeando-a com o machado, mas a fera ainda lutava. Myau ainda se esquivava de seus golpes bem o suficiente para acerta-la algumas vezes com suas garras.
Mas Odin ouvira o aviso de Alis. “Para trás de mim, os dois! Vou segurar essa fera, mas cuidado com suas patas. Mexam-se!” Respeitando sua experiência, Alis passou correndo, desviando-se dos movimentos da aranha. Myau saltou por sobre ela, pousando logo atrás de Odin. “Tem pelo menos mais quatro chegando, Odin, temos que ir!” As orelhas de Myau detectaram mais bestas voadoras. Em um movimento rapido, Odin empurrou seu machado, que ainda estava preso as costas do monstro, e se lançou para trás. Simultaneamente ele puxou o machado, pousando em segurança ao lado de Alis e Myau. A aranha se virou, estava ferida, mas ainda estava disposta e era capaz de lutar com eles. E os olhos voadores já estavam bem próximos.
“Vão! Vão!” Odin gritou. Alis e Myau correram até a próxima curva, e Odin os seguia de perto. Eles podiam ouvir as feras perseguindo-os . “Esquerda!” As instruções de Odin eram claras. Eles viraram em outra curva, e os monstros se aproximavam.
A passagem então seguia para a direita, em um ângulo reto. Eles não tinham outra opção a não ser seguir por ela. Foi quando Alis, que seguia à frente, estancou. A não mais que quatro metros da curva havia uma porta. Odin quase trombou com ela, pois sua parada fôra muito abrupta. “Abra-a, rápido!” ele gritou. “Vou segurá-los!”
Alis correu para a porta, havia algum tipo de trinco, mas ela não conseguia descobrir como abrí-lo. Eram alavancas e engrenagens complicadas. “Eles estão chegando,” Myau disse enquanto corria para a porta. Ele estava pronto para saltar para ajudar Odin; ambos estavam de costas para Alis. “Alis…”
“Estou tentando, Estou tentando! Não abre!” Ela começou a empurrar freneticamente todas as alavancas, na esperança de que uma delas abrisse a porta. Mas nada acontecia, a porta continuava fechada.
“Alis, agora!” O apelo de Odin cortava como uma faca.
“Eles já estão aqui!” Myau gritou, enquanto a primeira fera voadora fazia a curva. Odin brandiu o machado com vontade, derrubando o monstro.
“Consegui!” Alis gritou enquanto a porta se abria. Ela saltou para dentro, pisou de mal jeito e caiu no chão. Sua lanterna se despedaçou.
“Myau, vá!” Sem discutir, Myau correu para dentro, enquanto mais dois olhos voadores apareciam. Odin derrubou um, lançando-o contra seu parceiro. Os dois foram ao chão, mas logo voltaram a voar. Naquele momento, Odin se virou e correu, alcançando a porta. Ele agarrou a porta e fechou-a com força. Um leve clique os mostrou que a passagem estava trancada novamente.
Odin arfava na escuridão. “Myau? Alis? Onde estão vocês?”
De repente uma luz se acendeu, e Odin viu seus companheiros. Alis estava caída ao chão, Myau estava logo ao lado. Mas havia mais alguém.
“Quem são vocês?” o estranho perguntou.