Por James Maxlow e Mike Ripplinger
Traduzido por Orakio Rob
A colonização de Motávia prosseguia em um ritmo agonizantemente lento. Desde que os Palmianos deram início às viagens espaciais há séculos atrás, menos de quatro mil pessoas fixaram residência no mundo desértico. O clima severo exigia extrema dedicação e muitos sacrifícios, coisa que poucos Palmianos podiam oferecer. Apesar da liberdade eda empolgação de viver em um novo mundo ter atraído muitas pessoas, poucas deixavam a relativa segurança e conforto de seu mundo natal.
Atualmente, a única grande cidade de Motávia é Paseo, a capital. Ela está localizada sobre o local os mecanismos de exploração (robóticos, é claro) pousaram pela primeira vez. Crescendo rapidamente, ela abriga o espaçoporto interplanetário oficial, por onde passa todo o comércio. A cidade não se compara com Camineet e Parolit em termos de tamanho ou população, mas ela abriga as mais brilhantes mentes e a arte mais provocativa de todo o sistema. E assim faz com que seu maior apelo resida na intelectualidade e na estética. Existem pequenos grupos de povoamento por todo a região; eles são compostos por grupos de estrangeiros e nômades que não desejam se tornar parte da lei “oficial” de Motávia. Eles mantém relações amigáveis com Paseo, mas estabelecem o mínimo de contato possível com a capital.
Os colonizadores Palmianos do local ganham a vida de três formas. Primeiro, eles trabalham nas minas. As montanhas Motavianas são ricas em metais, uma grande necessidade tanto para Palma quanto para Motávia. Segundo, existem aqueles que provêem materiais e serviços para os mineradores: remédios, comida, abrigo, roupas, etc. A família de mineradores passa quase todo o tempo em busca de minérios, e dessa forma tem que confiar nos outros para suprirem suas necessidades diárias. E terceiro, existem aqueles que vivem do comércio interplanetário; eles são banqueiros, importadores e exportadores. Lembrancinhas e tesouros de outro mundo formam um grande mercado para os colonizadores Palmianos cansados de Motávia. E Palmianos que nunca deixaram seu planeta sempre buscam pelo status que vem de possuírem itens “extra-terrestres.”
Governando o povo está o Conselho do Governo de Paseo, ou CGP. Ele consiste de sete oficiais eleitos, dois dos quais são responsáveis por representarem as outras cidades além de Paseo. Na verdade, no entanto, eles operam mais por obrigação. Os outros cinco membros representam vários interesses em Paseo. Presidindo o conselho está o Governador Sirus.
Sirus está em Paseo desde os primeiros dias da cidade. Ele já fôra o maior conselheiro do rei de Palma (ou melhor, do auto-proclamado rei de Algol), e veio para Motávia antes da morte do rei para controlar a jovem colônia que viria a se tornar Paseo. Assim que a república de Paseo foi firmemente estabelecida, ele foi eleito o governador por unanimidade, mostrando o quanto o povo gostava dele. O CGP surgiu depois, quando os povoados motavianos se tornaram grandes demais para serem representados por um único homem.
O governador tem o poder de tomar decisões por todo o planeta, apesar dessas poderem ser revogadas por um voto unânime do conselho. Isso nunca aconteceu, e Sirus é um sábio muito respeitado pot toda Motávia. Ele deixa as decisões habituais do governo para o conselho, e sua presença só se faz sentir nas questões de alcance planetário. Ele é também o líder das relações com Palma, o mundo do qual eles dependem tanto.
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Os três trocavam olhares enquanto rumavam para a entrada da mansão do governador: uma jovem dama, acompanhada de um forte guerreiro de um lado e por um gato dourado com orelhas grandes do outro. Nunca se vira um trio mais estranho nas ruas de Paseo. À frente deles, podiam ver a mansão, ainda que estivesse cercada por um lago artificial, e estivesse inalcançável. Eles teriam que atravessar a passagenm subterrânea que ligava a mansão ao mundo exterior. Apenas uma porta brotando do chão, a entrada estava diante deles.
Entrando, eles imediatamente atravessaram a primeira porta subterrânea. O corredor era iluminado por uma fonte de luz não-identificada. As paredes douradas pareciam envolvê-los de um calor agradável enquanto eles caminhavam. Logo, um pequeno robô apareceu de uma passagem, impedindo-os. Sua voz era mecânica, “Você tem um presente para o governador?”
Alis confirmou com a cabeça, e pegou um pequeno pacote de sua sacola. “Esse é um ótimo doce Palmiano. É suficiente?” ela perguntou. O robô estendeu o braço, pegando o bolo. Ele ficou com o pacote e respondeu.
“Sim, é adequado. Pode prosseguir.” Com isso, o robô desapareceu pela passagem da qual surgiu, deixando os três heróis sozinhos no corredor. Odin olhou para Alis, com um sorriso no rosto.
“Um belo comitê de boas-vindas que temos aqui…”
O grupo seguiu, eventualmente alcançando o final da curta passagem. Eles subiram as escadas, e reemergiram `za luz do brilhante sol motaviano. Agora eles estavam do outro lado do lago, e a mansão do governador estava bem diante deles. Apesar de Alis já ter visto casas maiores em Palma, ela nunca havia visto uma tão grandiosa, tão majestosa. A arquitetura da mansão era uma estranha mistura do estilo Palmiano clássico com a sensibilidade avançada Motaviana. Os três marcharam, alcançando a entrada principal. Dois guardas policiavam atentos, e, sem notar nenhuma resistência, Alis, Odin e Myau entraram.
O espanto de Alis ao ver o exterior da mansão foi duplicado quando ela se deparou com seu interior. As paredes de mármore estavam cobertas com finas cortinas, de um tipo que ela jamais havia visto. O chão de pedra polida refletia brilhante. Haviam guardas e conselheiros em vários pontos do salão principal, e todos ficaram em silêncio quando o grupo entrou. Logo à frente, sentado em uma plataforma a alguns centímetros do solo, estava o governador. Ele usava uma fina anágua azul e dourado, e sua capa cobria a lateral do trono. Ele parecia um tanto jovem para um governante; ainda não parecia ter chegado aos cinquenta. Ele tinha um sorriso agradável, que obviamente contribuiu para que ele conquistasse o coração do povo.
Alis e seus amigos ficaram imóveis, sem saber se falavam ou se permaneciam em silêncio, se avançavam ou permaneciam onde estavam. Intimidada, Alis fez um reverência solene; vendo isso, Odin pôs-se sobre um joelho e abaixou a cabeça, enquanto Myau fez algo parecido. Erguendo-se novamente, Alis viu o governador acenar para que eles avançassem. O salão ficou em silêncio enquanto eles se aproximavam do trono.
“Eu sou o Governador. O que a trouxe aqui neste belo dia?” Seu tom de voz era gentil e convidativo. Nervosa, Alis falou.
“Meu nome é Alis Landale.” O governador estremeceu com essas palavras, mas Alis não percebeu. “Esses são meus companheiros Odin, e Myau. Somos de Palma, e viemos em busca de sua assistência, alteza.”
“Minha assistência? Para quê? Estou surpreso que você tenha vindo de tão longe só para buscar meu apoio.” Ganhando coragem, Alis começou a narrar sua história.
“Alteza, nós desejamos que Lassic, o déspota que destrói seu povo, seja removido do poder. Suas maldades afetam a todos em nosso planeta, e não sobreviveremos muito tempo sob seu governo. Me foi dito que o senhor também não simpatiza muito com o rei, e que talvez possa nos ajudar de alguma forma.” Sirus se remexeu no trono, sua expressão tornou-se mais séria.
Lassic e eu não nos damos muito bem, é verdade. Eu tenho observado ele destruir sua sociedade há muitos meses… ,mas como um representante de Motávia, não posso me opôr a ele abertamente; nosso paneta ainda depende muito dos recursos Palmianos, recursos controlados por Lassic… E você está aqui diante de mim dizendo que só vocês três planejam destroná-lo? Certamente você sabe que está confrontando um homem que controla um planeta inteiro.“
Percebendo que sua melhor chance de obter ajuda estava escapandpo por entre seus dedos, Alis tentou persuadir o governador passionalmente. “Por favor, Alteza, sabemos que as chances estão contra nós. Por isso viemos em busca de seu apoio. Mas a qualquer custo, Lassic deve ser impedido.” Ela fez uma pausa. “Ele deve pagar prlo que fez a meu povo, e a meu irmão.” A face de Sirus se fechou, e suas próximas palavras vieram devagar.
“Seu irmão?”
“Sim. Meu irmão Nero era um líder dos movimentos de resistência… mas foi assassinado nas ruas de Camineet por robotcops de Lassic.”
“Assassinado…” O governador se sentou novamente em seu trono, seus olhos se perderam na distância por um momento. Então sua firmeza retornou.” Jovem dama, é meu desejo que você tenha sucesso em sua jornada. Você sabe que não posso ajudá-la abertamente, mas… admiro sua coragem. Na caverna Maharu vive um feiticeiro, o Esper chamado Noah. Vou lhe dat uma carta de introdução para ele. Ele vai ajudá-la.“ A face de Alis alegrou-se com a mudança de atitude de Sirus. “Acredito que você derrotará Lassic e retornará.. Mas por favor, sejam meus convidados e descansem aqui. Dew, prepare os aposentos para esses viajantes.” Um jovem saiu de trás do trono e concordou.
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Naquela noite, enquanto Odin e Myau dormiam nos quartos que foram preparados para eles, Alis estava deitada na cama, pensando no futuro. Ela encarou muitos obstáculos nas últimas semanas, mas todos foram superados. Ela esperava que, após ver o governador, eles finalmente estariam prontos para confrontar Lassic. Mas agora, outra tarefa os aguardava, esse homem chamado Noah. A cada novo sucesso um novo desafio surgia, parecendo empurrar o inevitável confronto com o rei cada vez mais para longe.
Mesmo depois de encontrarem esse Esper, eles ainda teriam que voltar a Palma para confrontar o tirano. Onde ele estaria? Como poderiam alcançá-lo? Como poderiam lutar contra ele sem enfrentar todo o seu exército? Todas essas perguntas a atormentavam todas as noites. Mas ela as deixava sem respostas, esperando que a informação de alguma forma surgiria. O governador, sua maior esperança, não foi de tanta ajuda quanto eles esperavam.
Alis dormiu, cansada de seus dias de viajem. Sua mente se libertou das preocupações por um momento, e os sonhos vieram.
Ela estava em um campo aberto, coberto de grama, o sol brilhava forte. Havia uma música tocando em algum lugar, acalmando sua mente. Bem ao longe, ela pode ouvir alguém falando… mas não conseguia descobrir quem era ou o que estava sendo dito, apenas que era algo familiar. Então veio um barulho alto, e quando ela olhou para baixo, viu que a grama estava morrendo. Passou de verde para marrom, de marrom escuro para preto, e desapareceu. A luz dourada a sua volta começou a se apagar, e logo ela estava envolta por trevas; ela teve a sensação de que o chão sob seus pés havia desaparecido, e ela flutuava no ar.
Uma luz brilhou em frente a ela, que percebeu que carregava uma espada, diferente de qualquer uma que já tivesse visto. De fato, era a própria espada que brilhava nas trevas, e ela sentiu um grande poder vindo desta.
Sem aviso, uma visão mítica se materializou diante dela. Era um demônio horroroso, com uma face conturbada de maldade e malícia. Ela rosnou, e de repente Alis percebeu que seus dois amigos estavam atrás dela, em posição de batalha. Ela sabia o que tinha que ser feito. Lançando-se para frente, ela golpeou com a espada a cabeça do demônio, mas a espada passou através deste, e Alis voou rumo às trevas. Ela se virou e viu Odin e Myau atacarem, mas foram atingidos por raios de energia vindos dos olhos do demônio e desapareceram em flashes de luz. A criatura se virou para ela, rindo. Logo estava sobre ela, e Alis instintivamente ergueu a espada para defender-se. Ela não sentiu nada, e então despertou, encharcada de suor. Ela não tornou a dormir naquela noite.
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O governador os encheu de suprimentos, comida e poções de cura. Ele também deu a eles uma carta a ser entregue a Noah, assim como o mapa que indicava onde se localizava a caverna Maharu. Enquanto os observava deixar a mansão, um pensamento solitário preencheu sua mente.
“Então, Tajim, a hora finalmente chegou?”