Corrosão

Autor: Kal Banga

Nas ruas de Aiedo, um garoto corria com um pedaço de bolo nas mãos.

Nas ruas de Aiedo, um pomposo hunter corria atrás dele.

— Ei Chaz, o Uiruk está com problemas! Vamos ajudá-lo! — disse o pivete

— Quem se importa com o Uiruk? Aquele cara é muito chato! Vamos fazer alguma outra coisa!

— Tá… — e o pivete olhava para a perseguição, que já estava terminando.

— Peguei! He! Não existe nenhuma missão que eu, Kaei, não consiga cumprir — e segura o menino pelas roupas, indo até a prisão.

— Me solta, me solta, me solta!!!! Eu só estava com fome! — Diz o garoto.

— Missão é missão! Tá uma missão barata com uma recompensa de 100 mesetas, mas me sinto bem em livrar as ruas de criminosos como você! Sou tão bom que não tolero injustiça!

— Eu só roubei comida! Minha mãe morreu faz pouco tempo moço! Eu precisava sobreviver!

— Eu também, e com sua recompensa vou tomar uma boa cachaça motaviana!

Na frente da Prisão:

— Sim? — Diz o guarda.

— Olá, eu sou Kaei Guhyt e estou trazendo o ladrãozinho de bolos para cumprir com o seu destino!

— Mas eu…

— Sim, isso foi reprovável. O homem da loja de bolos é muito bom. Vai merecer cada ano nesta prisão. Vou cuidar para que não fuja! — Diz o guarda.

— Mas…

— Agora a cidade está livre do mal! Pessoas podem comer seus bolos sem medo de serem roubadas! Agora vou embora para o bar! Boa sorte garoto! São só 7 anos pelo crime de roubo!

— 7…

— Para dentro! — E joga o garoto em uma cela.

Os cabelos negros eram curtos, porém volumosos e cobriam parte do seu rosto e nuca. Sempre coçava muito, pois era um lar perfeito para piolhos. 7 anos, por causa disso? Aquelas pessoas nunca passaram fome. Se elas tivessem a noção do que é ficar 4 dias sem comer… As pessoas… são tão cruéis…

Dia seguinte

— Eu, Goro, juiz penalista de Aiedo, condeno Uiruk Vastoncles à pena de 7 anos de prisão por ter roubado várias vezes a loja de bolos do bondoso senhor Hiuj. Além disso, receberá a pena física para um ladrão: A mutilação da mão!

Muitos levaram a mão à boca em espanto, mas em silêncio todos concordaram. Aiedo havia entrado em conflito com Paseo, uma cidade próxima de Kadary e por causa disso, as penas haviam ficado mais duras, numa tentativa idiota de baixar a criminalidade aumentando as penas.

— Com licença meritíssimo, mas eu… Tenho algo a dizer. — Pronuncia-se o jovem

— Pode falar, seu ladrão!

— O senhor sabia que és um corno?

— O que? Como ousas!

— Roubei a loja de bolos por alguns dias e observei o movimento por lá. A sua esposa não costuma apenas comprar bolos… Ela e o “bondoso” senhor Hiuj sempre entravam no quartinho… E o que eles faziam lá…

— Cale-se! Cale-se!!! Guaaardas, prendam-no — mas o alto volume das fofocas ao redor impedia que os guardas ouvissem a voz do juiz.

— Não foi muito diferente o que você fez quando foi comprar um bolo de chocolate e pediu para a filha dele embrulhar o bolo. Quando ela entrou na salinha para embrulhar, o senhor fez o mesmo que o “bondoso” senhor Hiuj. Só que parecia que a filha dele não estava gostando como a sua esposa. Parecia querer fugir dali! — Os jurados e participantes do julgamento, que estavam prestando mais atenção no menino que no juiz, riam ou se chocavam com aquilo.

— GUUUUUUUUUUUUUUUAAARDAS! PRENDAM-NO!!!! — E agora eles ouviram.

— CORTEM A MÃO DELE! — Dizia o juiz — Não! Deixem que eu corto!!! — E pegou o machado.

— Humanos… MERECEM TODOS MORRER!

O corte foi muito malfeito. Primeiro, o juiz era tão bom com machados como uma vaca pilotando um zepelim, e precisaram de três cortes para tirar a mão do rapaz. Sorte que o garoto desmaiou no segundo corte. Agora estava deitado no chão sujo de sua cela.

Boas palavras.

Aquela voz… Uiruk já havia escutado antes. Nos piores pesadelos aquela voz parecia apertar seu coração. Ele tinha medo dela, mas naquela hora, ele não estava se importando tanto.

— Quem é… você?

— Reipard La Shieck, antigo governante de Palma e servo mais leal das trevas profundas. — o Homem usava antigas roupas nobres, de um tempo que já havia passado, e o seu corpo era como um cadáver, que tinha parado de degenerar, mas que ainda assim não parecia muito humano. Segurava um cajado enorme em uma das mãos.

— Palma? Mas esse planeta não foi…

— Destruído? Sim. Mas aquele a quem eu sirvo me protegeu da explosão… E me deu vida eterna…

— Nossa… Eu… quero servir a esse teu mestre! Não importa o que ele me pedir em troca!

— Pelo visto fostes realmente uma boa escolha. Você tem os olhos, rapaz. Mas para quê você quer o poder? — pergunta La Shiec, com um sorriso rispando nos lábios podres e deteriorados.

— Eu quero… ACABAR COM TODOS OS SERES DE ALGOL! TODOS MERECEM MORRER! TODOS!

— Jure fidelidade à Treva Profunda.

— Eu dou a minha vida, meu corpo e tudo o que tenho para a Treva profunda, e juro total fidelidade a ela!

— Hehehe… Que esteja selado o pacto!

E com um movimento do seu cajado, La Shieck lança um raio onde estava o toco da mão de Uiruk e uma mão monstruosa brota dela, com garras negras e letais.

— É uma mão mágica. Vai te dar algumas magias para que você possa sobreviver. Mas para realmente alcançar a força, vai ter que estudar todas as magias do mundo antigo. A partir de hoje você terá um novo nome, como prova do renascimento em nossa religião.

— Sintam o meu poder, idiotas de Aiedo! — E Uiruk sente a mão magica fluir, espalhando magias de fogo e trevas, queimando, corroendo, matando. Sentia-se bem, pois estava dando o troco a todos eles. Dizia para si mesmo que aquilo era melhor do que ser humano. Melhor do que condenar uma criança por querer comer. SIM! Ele seria melhor que TODOS eles pois todos iriam MORRER!

— A partir de hoje Uiruk está morto. — La Shieck põe a mão no ombro do garoto — Esse nome jaz com os idiotas que você matou na prisão. Ele está ali, no meio dos corpos queimados.

E o menino realmente viu o seu corpo no meio dos outros.

— Seu nome é Zio.

Zio, o Mago Negro.

E o jovem escutou de novo. A voz não tinha vindo de La Shieck, não ESSA voz! Essa voz era aquela que gritava nos seus pesadelos, que o fazia chorar de manhã. Era a voz da força negra. E agora aquela voz estava ao lado dele. QUEM PODERIA IR CONTRA ELE?

— Sim senhor, é hora de Motávia pagar!!!