Contos de fada algolianos

Edição 1: Chapeuzinho vermelho

Autor: Joel Fagin
Tradutor: Orakio Rob

Era uma vez…

…uma menininha que vivia em uma alegre cabana às bordas de uma escura e profunda floresta repleta de bio-monstros.

A pequena garota tinha um hábito, ao menos no inverno (quando a floresta se tornava ainda mais escura e profunda), o de vestir uma capa com um capuzinho. Ele era vermelho.

Um dia, num dos dias mais frios do inverno, a garotinha ficou presa dentro de casa onde estava quente, mas ela tinha muita energia sobrando. Corria por toda a casa, gritando e brincando com seus amigos imaginários e sempre acabava atrapalhando.

“Chega!” A mãe dela disse, exausta, depois que sua garotinha quase derrubara o bolo quentinho que ela acabara de tirar do fogão. “Você tem energia demais”, ela disse, “queime-a lá fora”. Ela cortou o bolo ao meio e o pôs, junto com algumas frutinhas cristalizadas, pão e um suco de fruta levemente alcólico dentro de uma cestinha e cobriu tudo com um pano vermelho e branco, amarrando dos lados para manter a temperatura.

“Quero que você”, disse ela à garota, “leve isto para a velha senhora que vive sozinha na floresta”. A garota concordou animada. “Bem, não tenho que avisá-la, não é?”, a mulher acrescentou, “Sobre os monstros. Mantenha-se no caminho, e seja rápida. Entendido?”

A garotinha concordou.

“Certo, então pode ir”.

O que elas não sabiam, nem a mãe nem a filha, é que ao lado da janela, um monstro espreitava com sua longa e baleada orelha tentando não babar. Ele saiu da floresta porque, mesmo para os monstros, o inverno estava sendo rigoroso e estava difícil de achar comida.

Uma garotinha, sozinha e desprotegida. Ele já se esquecera do viveiro cheio de rappies que o trouxera até aqui. Uma garotinha era uma refeição muito melhor, e se bem guardada poderia durar uma semana.

Mas ele precisava ser cauteloso para não perder sua presa. A garotinha seria cuidadosa na floresta, mas não na casa da velha solitária.

O monstro tinha o plano perfeito, ele pensou, e partiu rumo à floresta.

E lá foi a garotinha, feliz balançando sua cestinha, e desaparecendo na profunda, escura e perigosa floresta.

O monstro chegou na casa da velha solitária muito antes da menina, que estava aproveitando e curtindo o passeio. Ele se pôs sobre as patas traseiras, apoiou-se contra o portal, e bateu.

Ouve uma longa espera antes que uma voz dissesse “entre”.

O monstro franziu a testa. Ele esperava que ela abrisse a porta. A maçaneta poderia ser um problema já que ele não possuía dedos ou polegares. Ele tentou sem suceesso algumas vezes, mas imaginar a menininha chegando por trás dele conferiu um certo desespero a seus esforços, e ele acabou conseguindo, a maçaneta girou e a trava estalou.

Perfeito! O monstro atravessou a porta, faminto, disposto a comer mesmo uma velha e magra senhora solitária naquele instante.

Um pouco depois, chapeuzinho vermelho veio saltando pelo caminho. Ela bateu na porta, e uma voz a convidou a entrar. Ela empurrou a porta e entrou.

A velha senhora estava na cama, coberta pelo lençol até o pescoço.

“Olá!” a garotinha disse. “Tenho um presente para a senhora”, ela disse, segurando a cestinha.

“Traga aqui”, disse a figura na cama, com um sorriso.

“Só um minutinho”, a garota disse. Ela pôs a cestinha no chão e tentou secar um pouco a capa, molhada de orvalho. Foi então que ela notou algo estranho na velha senhora.

“Que olhos grandes você tem!” Exclamou a garotinha, cheia de curiosidade, e a figura na cama sorriu de maneira amigável.

“São para te ver melhor, queridinha”, disse. “Agora, traga aqui essa cestinha”.

A garotinha pegou a cesta novamente e caminhou, deixando pegadas de lama no chão de madeira. Então ela notou mais uma coisa.

“Nossa, que orelhas grandes você tem” a garotinha exclamou novamente. O sorriso na cama tornou-se mais largo.

“São para te ouvir melhor, docinho”, disse a figura na cama. “Agora, traga-me essa cestinha e vamos dividir esse lanche”.

A garota deu mais alguns passos antes de notar uma última coisa esquisita.

“E nossa!” disse a menininha, agora de olhos bem abertos. “Por quê tem um monstro morto no chão?”

Rika deu de ombros. “Vou fazer um tapete com ele”, ela disse.

Texto original: http://www.phantasy-star.net/fanfics/fagin/fairytales.html