Os estranhos que conhecemos - Parte VI

Autora: Neilast
Tradutor: Orakio Rob

Fuoren subiu a rampa e mergulhou em um corredor de escuridão. Não havia luz alguma. Não havia nenhuma passagem subterrânea ativa em Palma II que não fosse ao menos um pouco iluminada, dia e noite. Fuoren sabia que isso era estranho.

“Talvez seja aqui que Mium se esconde,” Wren pensou. Ele ativou seu sinalizador na potência mínima, e um brilho frio tomou o corredor. Wren andava sorrateiro, e virou uma curva. Ao fim do corredor, uma porta fechada, porém não trancada.

“Te peguei.” Wren repetiu a palavra mais uma vez, e preparou seu canhão vulcan.

* * *

“Cérebro-Mãe, você está aí?” perguntou a voz da intrusa.

“Sim, e estou bem,” respondeu a voz gélida de Cérebro-Mãe. “Foi uma intrusa. Tive que me livrar dela. Só isso.”

“Você está bem?” respondeu a intrusa, visivelmente abalada pelas novidades inesperadas.

“Sim, sim, estou bem,” respondeu Cérebro-Mãe pelos alto-falantes do laboratório 32. “Inicie a fase 2.”

“Fase 2 iniciada.”

***

“Não agüento mais!” Dahl gritou. “Vou atrás do Wren!”

“O quê?” Azur respondeu no mesmo tom. “Com aquela andróide doida rodando por aí? Você pirou!”

“Pirei mesmo!” Dahl respondeu. “Mas não agüento mais!” Ela pegou a irmã pelo braço e a tirou do sofá, contra sua vontade. Olhou para Erol, que cochilava e acabara de acordar com a discussão, e disse, “E você, meu caro, vem comigo!”

* * *

Uma forte luz brilhou por um instante, e dois mil trezentos e vinte e quatro anos de pensamentos e memórias coletados evaporaram como neve sob o sol dezoriano. A máquina danificada foi lançada pelas escotilhas e flutuou pelos corredores vazios, até encontrar um dos buracos no casco da Noah, e sair por ele, sem rumo, para o vazio do espaço que tanto temia. A espaçonave, Landale VII, aparentemente por vontade própria, acelerou rumo ao objeto danificado, no ansioso desespero de que este não estivesse além de seus esforços.

Um dos pequenos braços mecânicos da nave foi ativado e tocou a forma imóvel diante dele. Nesse momento, a janela do cockpit deslizou, abrindo para acolher carinhosamente sua companheira ferida.

“Demi! Demi, está me ouvindo?” Os gritos de Filha ecoaram dentro do cockpit da pequena nave.

“Demi?”

Dois braços mecânicos, cada um com um kit de reparos para andróides, desceram de compartimentos no teto da nave. Sob o controle de Filha, eles começaram a reparar os danos causados por Cérebro-Mãe.

“Demi,” Filha disse novamente, quase implorando. “Demi, por favor, me escute.”

Como se obedecendo a uma ordem, as pequenas pálpebras da andróide se abriram, e seus olhos subitamente ganharam vida.

Demi sentou-se ainda tonta e coçou a nuca, estremecendo ao sentir seus circuitos expostos.

“Oh, Filha… O quê aconteceu?”

“Perdi o contato com você depois daquela escotilha. Acredito, a julgar pelos danos, que alguma batalha aconteceu.”

“Oh, sim…” Demi gemeu. “Agora eu me lembro.”

“A segundos atrás a nave se reativou.”

“O quê?” Demi ergueu a cabeça e sentiu uma dor cortante na nuca. “Ai!”

“Perdão, Demi,” disse Filha. “Ainda não terminei os reparos.”

“Você disse que a nave foi reativada?”

“Sim,” Filha respondeu enquanto os braços mecânicos cuidavam de Demi. “No instante em que fechei o cockpit. Veja.” A Nave, agora repleta de luz, resplandecia através da janela.

“Cara…” disse Demi, gemendo.

“Demi,” Filha perguntou, “com quem você lutou lá dentro?”

“Filha,” Demi respondeu, “você não vai acreditar nessa…”

* * *

Levou pouco tempo para que Dahl, Erol e Azur alcançassem o ponto de entrada de Wren.

“Aqui está o teleporte,” Erol disse. “Mas aonde foi Wren?” Eles ficaram ali em silêncio, olhando em volta.

“Ali!” Azur disse de súbito, apontando para uma rampa. Mexeram naquelas caixas.”

Dahl forçou a vista na escuridão. “É, estou vendo.”

“Bom, ao menos um dos andróides foi por ali,” Erol disse.

“É”, Dahl sussurrou. “Pena que não sabemos qual foi.”

“Mas não podemos ficar aqui parados,” Azur disse.

“Tem razão,” Dahl disse com convicção, preparando sua pistola sônica. “Vamos!”

* * *

Com toda a sua força (que era considerável), Fuoren pôs abaixo com um chute a porta que levava ao terminal primário de Filho. Ele ergueu seu canhão vulcan e se preparou para uma série de disparos bem-colocados no aposento. Não havia ninguém lá; pelo menos, ninguém que pudesse ver, ou que seus sensores detectassem. Mas por quê o console estava aceso?”

“Mium,” Wren ordenou. “Aqui fala Mestre Wren de Zelan. Apareça.”

Nada.

“Mium,” Wren disse mais uma vez, agora mais severo. “Não quero machuca-la. No entanto, se você põe em risco a segurança de Palma II, não hesitarei em destruí-la.”

Mais uma vez, nada.

“Mium, eu—“

“Há, há, há…”

A risada sussurrada foi tão arrepiante que fez até Fuoren, que não tinha emoções, estremecer.

“Mium?”

Uma rajada de laser veio de um pequeno canhão escondido no teto, e o modelo-Wren conhecido como Fuoren caiu ao chão.

* * *

“Ouviram isso?” Dahl perguntou, abalada. “Wren deve estar lutando com Mium!”

“De onde veio isso?” Erol perguntou enquanto os três desciam da rampa.

“Pela Luz!” Dahl exclamou. “Vem do centro nervoso de Filho!”

“Oh, não…” era tudo o que Azur podia dizer enquanto os três viravam a última curva, e se deparavam com o centro de controle diante deles.

Fuoren jazia imóvel no chão, com seu canhão logo ao lado. Seu braço cobria a face, e fumaça saía de seu peito.

E havia outra andróide, uma mulher com um longo cabelo vermelho, diante dele, com as garras para fora.

“Wren!” Azur gritou, apontando sua arma.

Dahl pôs-se diante da irmã. “Mium!” ela gritou. “Afaste-se dele!”

Mium virou-se, surpresa com a aparição dos três controladores do planeta. “Não, Dra. Mallos, eu tenho que–“

Dahl disparou. A explosão de pura energia sonora de sua arma foi rápido, mas não mais que Mium. Num piscar de olhos, ela se esquivou rolando, protegendo-se atrás do terminal. Dahl disparou novamente, a bala sonora passou logo acima dos computadores.

“Dra. Mallos, pare agora mesmo!” gritou Mium. “Há uma coisa que preciso fazer! É parte de minha programação! Se eu não–“

“Sabemos muito bem qual é a sua programação!” Dahl gritou em resposta ao pedido de Mium. “E se você acha que vou ficar aqui parada e –“

“Dra. Mallos, pare!” Mium tornou a gritar. Enquanto seu grito ecoava, ela saltou bem alto de seu esconderijo, e sua bota chutou a mão de Dahl, que então se abrira deixando cair longe sua arma. Dahl saltou sobre a andróide, disposta a rasga-la com suas próprias garras numanas, mas Mium desviou-se girando, e acertando uma rasteira em Azur e Erol no mesmo movimento. Os dois cientistas caíram de costas, ambos perdendo suas armas e bastante atordoados com um ataque tão veloz. Apenas Dahl não ficou atordoada.

Enquanto Mium se recuperava da manobra, Dahl apontou um dedo para a andróide e gritou “Nafoi!” Uma intimidante bola de fogo emergiu de suas mãos, voou por sobre o corpo imóvel de Wren e atingiu o braço de Mium. A andróide gritou, e rolou no chão numa tentativa de apagar as chamas.

“Iniciar fase três,” disse uma voz vinda de algum lugar.

“O quê?” foi tudo o quê Dahl pôde dizer. Seu dedo permanecia em riste.

“É agora ou nunca!” Mium gritou, com suas pulseiras ainda fumegantes. Enquanto Dahl voltava a mirar e Erol e Azur ficavam de pé novamente, Mium desceu a mão fechada sobre um botão no terminal de Filho. Uma seqüência furiosa de bips preencheu o local, perturbando o sono de cientistas, engenheiros e demais presentes em Palma II.

“O quê? O quê você está fazendo?” a voz misteriosa gritou, dessa vez mais ansiosa que antes.

“Não!!!” Dahl gritou e apanhou um pequeno objeto do cinto de Wren, lançando-o contra Mium. O objeto cresceu e começou a brilhar enquanto cruzava o ar. Logo formou uma espécie de laço que envolveu o pescoço de Mium, deixando-a inconsciente. O anel de plasma havia funcionado.

“O quê ela fez?” Erol gritou enquanto corria para o computador. Suas mãos e olhos voaram pelo console e subitamente pararam. Ele parecia bastante confuso.

“O quê foi?” Azur perguntou temerosa ao se aproximar de Erol.

“Veja,” foi tudo o que o bioengenheiro disse, apontando com o dedo para algo que Dahl não podia ver de onde estava.

“O quê houve?” Dahl perguntou, recuperada da loucura instaurada a dez segundos atrás. Azur e Erol chegaram para o lado para que Dahl pudesse ver, mas o dedo de Erol continuava apontando para um botão vermelho que piscava, o mesmo botão que Mium apertou.

“Está escrito… ‘cancelar’” Dahl coçou a cabeça. “Mas o quê ela cancelou?”

“Unghh…” Um gemido baixo fez com que o trio se voltasse para trás. Era Wren fazendo o possível para se sentar, com um grande ferimento circular no meio do peito ainda soltando fumaça e fagulhas.

“Re… reco…” E então ele desmaiou.

“Wren!” Dahl sussurrou enquanto os três cientistas se ajoelhavam ao lado da máquina sem vida. “Wren!”

Algo se moveu no outro lado do aposento. Dahl ergueu os olhos e se surpreendeu ao ver que Mium se livrara do anel de plasma.

“Agora devo fazer aquilo para quê fui programada.” Dahl se preparou para mais um ataque, mas desistiu quando viu a garra de Mium emitir um sereno brilho esverdeado. Mium se aproximou do pobre Fuoren e pôs sua mão brilhante sobre o ferimento. Em poucos segundos o ferimento estava curado. “Chamamos isso de ‘Recover’”, disse Mium. “Iria contra minha programação deixar um andróide sem amparo.”

Dahl engoliu em seco quando Wren se sentou.

“Estávamos errados, Dahlia,” ele disse esgotado. “Não é de Mium que devemos ter medo.”

“Então, quem…?” Dahl foi interrompida quando Wren pôs-se de pé e disparou seu vulcan contra o terminal de Filho. Um terrível grito tomou conta do local, e até mesmo da Landale VII, e deu arrepios a todos que o ouviram.

“O quê…?” Dahl queria muito entender, mas não sabia nem o quê perguntar.

“Não era Mium quem trabalhava para Cérebro-Mãe,” disse Wren.

“Cérebro-Mãe!” Erol exclamou. “Você quer dizer que…”

“Sim,” Fuoren disse. “Pouco antes de você me contatar, Dahlia, eu e Demi detectamos uma anomalia na fronteira do sistema Algol, uma anomalia que tomamos por uma nave. Demi foi investigar sozinha. Espero que ela esteja bem.”

“Então… Cérebro-Mãe estava naquela nave?” Azur perguntou, incrédula.

“Correto,” disse Mium submissa. “Ela tem estado lá isolada, em condições mínimas de funcionamento, desde a criação de Filha e da conexão feita entre as duas por uma fração de segundo”.

“Mas o quê aquele computador tem a ver com tudo isso?” Dahl perguntou, apontando para o terminal fumegante atrás de Wren.

“Você não compreende, Dahlia,” disse Wren. “Mium não estava sob o controle de Cérebro-Mãe, mas Cérebro-Mãe tinha um agente aqui em Palma II.”

“Pela Luz,” disse Dahl, com a mão na boca. “Filho!”

“Correto,” Mium afirmou. “Quando Filho foi criado a partir de Filha, ele soube de tudo o que Filha sabia. Isso incluía a memória de Cérebro-Mãe. Com o tempo, ao que parece, Filho cansou de ser o 'reserva', digamos assim, e então encontrou uma maneira de se tornar mais poderoso.”

“Ele se reconectou a Cérebro-Mãe,” Wren prosseguiu, “e então desativou os sensores desta área para que suas comunicações não fossem descobertas.”

“E que processo foi esse que interrompemos?” Dahl perguntou abatida, com seus tristes olhos caindo sobre o computador em frangalhos que soltava fumaça diante dela.

“Ao que parece,” Mium disse, também contemplando o computador danificado, “que Filho estava restaurando o poder a Cérebro-Mãe. Sem dúvida, seu objetivo era conecta-la à Rede de Controle Algoliano.”

“Filho sabia de muita coisa. Por isso me deu acesso aos dados sobre os modelos-Mieu. Você, Mium, foi a criminosa perfeita.”

Mium concordou com tristeza. “Eu sei.”

“O que ele me disse é verdade, dobre o papel dos modelos-Mieu na destruição de Palma?”

Mium deu as costas ao grupo, visivelmente envergonhada. “Sim. Acredito que tudo o que Filho lhe disse seja verdade. Fomos criados por Cérebro-Mãe à imagem e semelhança de um de suas antigas mestras.”

“Por quê você não… detonou?” Fuoren perguntou.

“Porque havia algo com que Cérebro-Mãe não contava,” Mium disse, encarando novamente o grupo. “Ao contrário de outros robôs, máquinas e computadores feitos por ela, os modelos-Mieu tinham emoções. Ainda que muitas de nós seguissem suas ordens incondicionalmente, devido a nosso senso de dever e respeito por nossa criadora, eu me apeguei muito aos palmianos aos quais servi. Por isso tive que me desligar após o acidente com a Amanhecer Palmiano. Eu… eu não podia suportar perde-los.”

Dahl abraçou Mium. “Talvez você não tenha salvado seus amigos, Mium,” Dahl disse a ela, “mas acabou de salvar Palma II. Você acaba de salvar o mundo todo.”

Lágrimas começaram a se formar nos olhos de Mium, e ela também abraçou Dahl. “Obrigada, Dra. Mallos,” ela disse. “Esperei três mil anos para ouvir isso.”

* * *

Na manhã sorridente, o sol nascia sobre o mar a leste dos laboratórios. Dahl ficou ali de pé, com Azur, Erol, Fuoren e, é claro, Mium.

“Então, Demi está bem?” Dahl perguntou, sem olhar para Wren.

“Sim. Filha cuidou dela. Parece que depois que atirei em Filho a nave de Cérebro-Mãe foi desativada. A Landale VII disparou contra ela, e a destruiu.”

“Que alívio,” Erol disse suspirando.

“É mesmo,” concordou Wren. “Demi está bem, mas Filha está muito abalada.”

“Ela vai sentir a falta de Filho?” Azur perguntou.

Wren sorriu. “Oh, não. Na verdade, Filha me informou que sempre detestou Filho. Ela disse que nunca gostou do… jeito dele”.

Os três cientistas olharam para Wren, de boca aberta.

“Entretanto, ela está bastante abalada por ter que assumir as funções de Filho em Palma II.” Wren deu de ombros, com se não compreendesse. Ele vinha agindo de maneira mais humana desde sua até então breve convivência com Mium. Talvez tivesse aprendido algo.

“Posso imaginar,” Dahl murmurou. “Quatro mundos inteiros e um punhado de estações espaciais são muita coisa.”

Percebendo a introspecção de Mium, Dahl se aproximou dela. “O quê houve?” perguntou à sua nova amiga andróide.

“Nada de errado!” Mium garantiu a ela. “Só estava pensando nas possibilidades de minha nova vida.”

Dahl sorriu. “O quê, exatamente, você tinha em mente?”

“Bem…” Mium parecia hesitante. “Eu estava na esperança de que vocês me deixassem ficar aqui.”

Dahl gargalhou e abraçou Mium novamente. “Claro que você pode ficar! Jamais deixaria você partir!”

Erol e Azur concordaram.

Mium respirou aliviada. “Obrigada.” Mas sua expressão permanecia confusa.

“O quê foi?” Dahl perguntou novamente, dessa vez mais baixo para que só elas duas ouvissem.

“Eu estava pensando… o quê há entre você e o mestre Wren?”

Dahl pensou em não dizer, mas pensou melhor e decidiu se abrir. “Vem cá,” ela disse levando Mium pela mão para longe do grupo rumo aos campos mais abaixo. “Deixe eu te explicar.” Quando já estavam bem longe dos outros, Dahl parou e disse, “Fuoren é meu pai.”

Mium ficou confusa. “Seu… pai?”

“Sim. Ele criou a mim e a Azur.” Dahl apontou para suas orelhas numanas. “Nunca estranhou isso?”

Mium ficou vermelha. Dahl nunca viu uma andróide enrubescer antes. “Na verdade, sim, eu estranhei. Mas achei melhor não perguntar.”

Dahl riu. “É, mas não se preocupe com isso. Todos sabem sobre mim e Azur, e porquê somos assim.”

“Mas… por quê vocês são assim?”

“Há dois mil anos, Mium, os últimos protetores destruíram a Escuridão Profunda e libertaram Algol da tirania de Dark Force.”

“Sim, eu sei,” Mium disse. “Wren me contou isso antes de eu vir para cá.”

“Mas quem pode dizer que o mal nunca mais ameaçará Algol? Acho que a noite passada mostrou que isso pode acontecer.”

Mium sorriu. “É mesmo.”

“Por isso é que, de tantos em tantos anos, Wren cria um numano que funcione como um ‘Protetor de Algol.’”

“Numanos… isso é o que você e Azur são.”

“Certo. Geralmente há apenas um, mas da última vez, o embrião se dividiu. Azur e eu somos gêmeas.”

“Incrível,” Mium disse. “Mas por quê esse conflito com Wren? Azur não parece ter problemas com ele.”

“Por muito tempo eu odiei Wren, tudo por um único motivo. Ainda que eu e Azur tivéssemos Demi, que é tão maternal quanto uma mãe pode ser, eu sempre desejei, eu sempre precisei do amor de um pai, de Wren. Mas amor é algo que um modelo-Wren nunca poderá oferecer. Isso é parte do motivo que fez com que eu fugisse para cá, Palma II. Foi um de meus ancestrais que começou o projeto Palma II. Era algo que eu podia terminar. Parecia, e ainda parece, um projeto à altura de um Protetor.”

“Concordo com você,” Mium disse, ainda sorrindo.

“Mas agora… após os eventos da noite passada, passei a ver Wren de uma maneira… diferente. Talvez eu deva dar mais uma chance a ele.”

“Acho a idéia ótima.”

“Vamos,” Dahl sussurrou, dando tapinhas carinhosos no ombro de Mium. “É melhor voltarmos.”

Enquanto voltavam para os laboratórios, Mium parou por um instante para admirar a paisagem de tirar o fôlego à sua volta.

“Exatamente como o velho Palma… é muito bonito mesmo, sabia?”

“Não,” Dahl disse, com a voz carregada de orgulho e amor. “Não é bonito… é a própria beleza encarnada.” As duas mulheres então subiram novamente a colina, para onde o andróide conhecido como Wren as aguardava, sorrindo.

Fin

O original em inglês desse texto pode ser encontrado em http://users.skynet.be/fa258499/beyondalgo/story/tswk/tswk6.html