Algumas dúvidas recentes quanto à tradução do PSG1 me levaram a perguntar à comunidade que rumo tomar na tradução. Embora nem sempre eu acate à decisão da maioria porque sou um cara mau e insensível, ouvir as opiniões de todos é importante porque me faz enxergar as questões por ângulos que tinham me escapado.
Por exemplo, meu primeiro impulso foi o de traduzir Lutz por Noah. Só que a turma me lembrou que o nome Lutz também aparece nos PSs II e IV americanos, e que traduzir como Noah traria um problema no PSII, onde temos a nave Noah (que nada tem a ver com nosso feiticeiro favorito).
A verdade é que há muitas abordagens possíveis para se traduzir PSG1: fidelidade total ao jogo japonês, fidelidade total ao jogo americano ou até mesmo fidelidade total ao jogo brasileiro — incluindo os erros de tradução que a turma mais saudosista tanto gosta e vem me pedindo para repetir 🙂
Por isso, fui considerando todos os comentários de vocês para estabelecer diretrizes para a tradução. É bom haver coerência, porque se aplicarmos critérios diferentes para cada parte da tradução vamos acabar tendo problemas mais para a frente, como a SEGA americana teve.
Sei que nem todos vão concordar com as diretrizes, mas depois de encerrado o trabalho a gente pretende liberar todo o código para que cada um crie sua própria versão, o que na verdade seria muito legal!
Diretrizes para a tradução de PSG1:
Orientação geral: a ideia não é ser fiel a nenhuma versão específica do jogo (americana, japonesa ou brasileira), mas sim colocar ordem na casa, já que há incoerências tanto na série japonesa quanto na americana. A ideia é tentar tornar a série coesa.
- Trama: a trama será fiel à trama japonesa (ex: para os japoneses, PSIII ocorre mil anos após PSIV, na versão americana ambos ocorrem na mesma época. A versão japonesa tem prioridade);
- Nomes dos personagens: os nomes japoneses serão ignorados, em favor dos nomes americanos com os quais estamos acostumados. Alis, Myau e Odin se mantêm. Já os nomes Noah e Lutz apareceram nos jogos americanos, portanto temos dois nomes a escolher. Optei por Lutz, por motivos explicados no fim deste post, nas notas sobre as diretrizes tradução. Lassic se chamará Lassic, e não La Shiec, como visto em PSIV: foi mais uma mudança de grafia do que uma mudança de nome, e Lassic ficou mais marcado para os jogadores brasileiros;
- Lugares: nomes que possam ser traduzidos (spaceport > espaçoporto) serão traduzidos. Todos os nomes de cidades (Camineet, Scion, Bortevo, Gothic) serão mantidos como na versão americana de PS1 (MS), já que são versões aproximadas da pronúncia japonesa, e servem aos nossos propósitos tão bem quanto aos americanos. Nomes como Guaron Morgue e Corona Tower virarão Necrotério Guaron e Torre Corona;
- Planetas: Palma, Motávia (com acento) e Dezóris (com acento). Os nomes dos planetas foram aportuguesados e “colaram”, então o acento fica;
- Itens: nomes que possam ser traduzidos (lacpot > pote laconiano) serão traduzidos. Outros que não têm tradução (alsulin) serão mantidos e não aportuguesados. Os itens de cura (perolymate, ruoginin e trimate) serão traduzidos como monomate, dimate e trimate. Mais informações nas notas sobre as diretrizes, no fim deste post;
- Magias: a ideia é padronizar a nomenclatura para dar coesão à série, portanto FOGO (que seria a tradução do original japonês) vai virar FOI (que é como FOGO foi chamada em todos os outros jogos da série). GELO será WAT e por aí vai. Mais detalhes nas notas sobre as diretrizes, que seguem no final do post;
- Siglas: serão traduzidas. O indicador de ano, AW (After Waizz) vira d.W. (depois de Waizz), seguindo a grafia adotada no Brasil, com pontos e apenas a inicial do nome (Waizz) em maiúscula. BW vira a.W. (antes de Waizz). O indicador vem após o número (ex: 1284 d.W.). Os indicadores de estatísticas (HP, MP etc) serão traduzidos (PF, PM etc).
Notas sobre as diretrizes
Seguir à risca a versão japonesa de PS não garante o fim das inconsistências. Por exemplo, de PSII em diante as magias têm seu nível indicado pelos prefixos GI e NA. Assim, RES é magia de cura nível um, GIRES magia de cura de nível dois e NARES magia de cura de nível três. Essas magias afetam apenas um personagem do grupo. Magias que afetam o grupo têm prefixo SA, como SAR (cura nível um para o grupo) ou GISAR (cura de nível dois para o grupo), exceto no caso de magias que afetam o grupo todo em qualquer nível, como ZAN, e que por esse motivo dispensam o prefixo SA. Porém, no PSIII americano, a magia que cura o grupo inteiro erroneamente chama-se GIRES, quando deveria ser SAR. Se formos fiéis, vamos repetir esse erro.
No PS1 original em japonês (assim como em inglês e em português) as magias têm nomes um pouco diferentes do resto da série: THUNDER, FIRE e WIND. Nos outros jogos, em todas as línguas, usa-se TSU, FOI e ZAN, respectivamente. Acontece que em PSG1 houve uma mistura das duas terminologias. Isso já tornaria complicado traduzir os nomes fielmente, pois geraria coisas escabrosas como GIGELO (ou pior: GELO1 GELO2 GELO3), e para piorar o jogo inventou um prefixo RA para a cura que atinge a todos os personagens (RAHEAL, de Lutz). Pela lógica do resto da série, RA não existe, e o correto seria SAR, que cura o grupo todo.
Resumindo: se formos “fiéis ao original” vamos continuar a zona que a SEGA fez. É melhor fazer algumas alterações agora para tornar a nomenclatura mais consistente, até porque há planos de traduzir o PSG2 também, e depois de retraduzir os jogos originais também.
Vale lembrar que ainda temos uma limitação de quatro caracteres para os nomes das magias. Acredito que essa limitação logo será superada, e então poderemos implementar a nova nomenclatura. Do contrário, vamos ter que apelar para outros nomes bizarros 🙂
Quanto aos nomes dos personagens, é normal que nomes sejam adaptados quando obras de ficção são traduzidas, logo, não há nada de mais em traduzir Tyrone por Odin. Já nos acostumamos com Odin, e vou continuar usando. No caso de Noah virou Lutz porque os dois nomes aparecem na série em inglês. Lutz aparece mais vezes e em jogos mais recentes (PSII e IV), e o nome Noah causa um problema em PSII, quando surge a espaçonave Noah, que nada tem a ver com o mago. Fica, então, Lutz.
No PSI do Master System, aqui no Brasil e nos EUA, temos Cola e Burger. No Japão era ruoginin (uma bebida numa garrafa esquisita) e perolymate (tipo uma barra de chocolate). Já no PSG1 temos esses dois itens e mais um, que é justamente o Trimate, ou seja: os caras não sabiam se criavam um item PIZZA para bater com Cola e Burger ou se mudavam tudo para monomate, dimate e trimate. Pois eu vou partir de vez para monomate, dimate e trimate para manter a coerência.