A GAZETA DE ALGOL

"O morto do necrotério Guaron ressuscitou! Que medo!"

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Capítulo 22

Por James Maxlow e Mike Ripplinger
Traduzido por Vovô Dorin

Alis tentou ao máximo esconder o seu choque com a aparência do dois Drasgownianos que receberam ela e Myau enquanto eles deixavam o hovercraft. Seus olhos avermelhados estavam envoltos em enormes olheiras; suas faces pareciam inteiramente com a de caveiras no sol da manhã. Seus braços e pernas não eram mais do que varetas e seus movimentos eram lentos e limitados. Era imediatamente óbvio que a má nutrição e as doenças cobraram o seu preço no povo de lá.

Eles foram conduzidos ao prédio principal de Drasgow, onde todos os departamentos governamentais ficavam. Pelo caminho, o par percebeu mais uns poucos Drasgownianos; cada um como se tivesse uma sombra da morte em volta deles. Pilhas de lixo e sucata situadas próximas a cada casa, atraindo todo tipo de insetos. As próprias casas aparentavam estar mortas, enquanto as portas e janelas estavam completamente fechadas e muitas delas estavam quebradas e estilhaçadas. A cidade inteira parecia estar morrendo, se tal coisa fosse possível.

O prédio principal não estava melhor. Janelas estavam quebradas, escrivaninhas apoiadas em três pernas, cadeiras rangendo, prontas para desabar a qualquer momento. O acompanhante de Alis e Myau deixou-os; eles agora estavam com três antigos cavalheiros que estavam sentados em frente a eles, somente um pouco mais saudáveis que os demais na cidade. O homem no meio apontou para as cadeiras, e os dois guerreiros sentaram.

“Não é freqüente recebermos visitantes na nossa cidade, jovem senhorita,” disse ele, numa voz áspera e idosa.

“…Nós viemos numa missão muito importante, senhores,” respondeu Alis. Ela tinha dificuldades em ignorar tudo ao seu redor, mas não podia se permitir falar sobre isto.

“Eu posso ver que você está apavorada com o que você viu na nossa cidade, nosso povo,” o ancião continuou, “é natural. Nós mesmos já nos acostumamos com o horror disto há algum tempo… qual é o seu nome e o do seu acompanhante, senhorita?”

“Eu sou Alis Landale, irmã de Nero Landale. Este é Myau.”

Os olhos dos três homens brilharam por um raro momento, talvez pela primeira vez em meses. “Landale…? Você sabe então que nós trabalhávamos bem próximos ao seu irmão… mas nós perdemos contato com os outros meses atrás…” Os dois homens ao lado do outro continuaram em silêncio.

“Os grupos da resistência no continente estão em ruínas… meu irmão está morto, assassinado pelos robotcops. Nós viemos aqui em busca de ajuda para um novo confronto contra Lassic… mas eu vejo que são vocês que realmente necessitam de ajuda.”

“Nero está morto, né?” disse o homem desapontado. Um ataque repentino de tosse momentaneamente atingiu-o e então o homem à sua esquerda continuou. “Nós nunca encontramos Nero pessoalmente… mas era claro pelo seu trabalho que ele era um bom homem… mas talvez ele seja o maior sortudo, tendo uma morte rápida… nós estamos destinados a definhar, segundo a segundo, enquanto nós estivermos vivos, caminhando para a morte. Lassic está acompanhando isto…”

Pela primeira vez, o terceiro homem falou. “Com o fechamento das linhas de navegação, nós não tivemos mais contato com o litoral. Nossos suprimentos médicos já acabaram, nossas plantações crescem cada vez mais magras a cada dia… nós não sobreviveremos por muito tempo…”

O horror do apuro de Drasgow ainda não havia sido realmente percebido por Alis até este momento. Ela veio buscando ajuda para salvar o mundo… mas este povo não tinha nem os recursos para se salvarem. Apesar das mortes que ela viu, Palmanianos, Gatos Almiscarados ou outros, nenhum deles poderia ser comparado ao que Lassic havia feito lá. Com uma fria, insensível ordem, ele havia condenado uma cidade inteira à morte por inanição.

“…Meus amigos e eu estamos numa missão para destruir Lassic, para libertar Palma… nós não podemos fazer muito por vocês… mas nós podemos fazer algo, eu tenho certeza. Nós temos um hovercraft com o qual nós podemos trazer suprimentos para vocês… comida, remédios, o que nós pudermos carregar…” Por dentro ela sabia que o pequeno hovercraft nunca poderia carregar o suficiente para salvar a cidade; seria como tentar irrigar um deserto com um balde d'água… mas tinha de ser feito.

“Sua ajuda é muito bem-vinda, moça,” o primeiro homem voltou a falar, “você tem um bom coração. Eu realmente lamento que nós não temos como ajudá-la… se existisse algo que nós pudéssemos oferecer, com certeza o faríamos…” Seus olhos se fecharam com força, como se ele estivesse com uma grande dor.

“Pode ser que tenhamos algo… algo útil…” disse o segundo homem. “Há muito tempo atrás, quando nós ainda estávamos livres para navegar pelos oceanos, nós encontramos um homem numa ilha ao norte daqui… ele estava gritando sobre uma grande espada mágica que estava no topo da torre que fica na ilha… mas nós nunca conseguimos investigar por causa dos poderosos monstros que rondavam a área. Ele acabou morrendo, de ataque cardíaco, antes que nós pudéssemos levá-lo de volta para Drasgow, mas ele nunca parou de gritar pela espada…” O terceiro homem lançou um olhar de reprovação para o outro.

“Você deveria saber que não deve encher as cabeças deles com fantasias, Gomen. Tal espada 'mágica' não existe. Ele era um louco.”

“Talvez, mas o que mais temos a oferecer? Se a espada realmente existir, certamente ela poderá ajudá-los a derrotar Lassic…” foi a resposta.

Enquanto o terceiro homem cruzou os braços e resmungou alguma coisa inintelígivel, o líder voltou a falar. “Entenda a lenda como desejar… isto é tudo que nós temos a lhe oferecer…” E então a voz do homem se abaixou, como se ele estivesse falando somente para si, ignorando tudo aa seu redor. “Enfrentar Lassic é uma missão louca… ele vai destruir vocês, tão fácil quanto ele nos destruiu… ninguém tem o poder para resistir a ele… ninguém…”

Alis se sentiu desconfortável com os modos dele e então se levantou para ir. “Obrigada pela informação… talvez ela possa nos ajudar… assim que nós retornarmos para o continente, nós tomaremos as providências para lhes enviar tudo o que pudermos…” Os homens em frente a ela começaram a falar entre si, ignorando as presenças de Alis e Myau. A heroína acenou com a cabeça, e então eles se viraram e deixaram o prédio principal. Eles estavam sozinhos enquanto caminhavam de volta para o hovercraft; ninguém podia ser visto nas ruas, nenhuma voz podia ser ouvida.

Depois deles desatracarem o hovercraft e irem embora de Drasgow, Myau perguntou, “Nós estamos indo para o norte? Para a ilha da qual eles falaram?”

“Sim,” ela respondeu. “Talvez não exista espada mágica, mas nós temos de no mínimo ir lá checar.”

“Isto poderá ser muito perigoso sem Odin e Noah. Você percebe isto?” inquiriu o Gato Almiscarado.

“Ver o povo daquela cidade me fez perceber isto. Para quaisquer monstros que vivam na ilha e na torre será melhor ficarem fora do nosso caminho…”

Myau apenas encarou-a enquanto o hovercraft seguia para o norte.

- - -

O landrover parou numa vaga do lado de dentro do portal da cidade. Inacreditavelmente, a misteriosa névoa que envolvia Sopia sumiu abruptamente na fronteira da cidade. Eles estariam a salvo dos seus efeitos lá dentro, enquanto eles deixavam o landrover.

Um jovem homem carregando um balde d'água viu o veículo e foi ao encontro deles. “Vocês são corajosos de penetrarem no gás, estranhos. Quais são os seus nomes?” ele disse.

“Eu sou Noah, um Esper. Este é Odin, de Palma.”

“Bem-vindos a Sopia, meus amigos. Há muito tempo que nós não recebemos visitantes. Venham, eu vou apresentá-los para o nosso prefeito. Ele certamente poderá atender às suas necessidades.”

“Muito confiante, não?” sussurou Odin para Noah. “Ou ser um Esper carrega uma grande parcela importância por aqui, ou ele quer algo…”

“Você é muito paranóico, meu amigo. Ele está realmente excitado em ver alguém de fora da cidade.”

A casa do prefeito estava mobiliada de uma forma modesta, mas estava claro pelas tapeçarias nas paredes que ele era alguém importante. Odin e Noah foram levados a cadeiras em frente a ele. Ele era um homem idoso com uma barba branca cerrada, mas seus olhos ainda transmitiam juventude e vitalidade. Ele ofereceu aos dois um drinque, mas eles recusaram.

“Digam-me, caros amigos, o que os traz para a nossa curiosa cidade? Geralmente ninguém vem para Sopia desde que a névoa surgiu,” o prefeito perguntou.

Silenciosamente Noah se nomeou o porta-voz dos heróis. “Nós ouvimos falar que Sopia guarda o lendário escudo de Perseu, Prefeito Ashley. Nós viemos para negociá-lo…”

“Ah, vocês são homens de negócios, eu vejo!” disse Ashley com um sorriso. “Certamente ninguém exceto um homem de negócios iria se arriscar na névoa… mas o escudo místico não está aqui… de qualquer forma eu sei onde ele está… ou pelo menos, onde dizem que ele está.” Odin abaixou sua sobrancelha um pouco; ele percebeu o que estava vindo.

“E o que o senhor gostaria de receber para nos dar tal informação, Prefeito?” questionou Noah.

“Bem, você sabe, eu sou o líder desta cidade, e como tal,eu tenho a responsabilidade de promover o bem-estar de Sopia… Por causa da nuvem de gás, nós estamos isolados das outras cidades, nós então nos tornamos muito pobres… antigamente, até que a nossa cidade tinha fartura. Não faz muito tempo… vocês poderiam doar 400 mesetas, para aliviar a nossa carga?”

“Parece que nós não somos os únicos homens de negócios por aqui,” riu Odin. “Muito bem, você terá o dinheiro.” Odin pegou a sua sacola de moedas e retirou oito moedas; o prefeito rapidamente aceitou-as.

“Mas…” começou Noah, mas ele foi interrompido pela mão erguida de Odin.

“Vocês são muito generosos, amigos,” disse o prefeito. “É dito entre o nosso povo que o escudo está enterrado na ilha no grande lago ao leste. Eu tenho certeza de que vocês irão encontrá-lo lá.”

“No meio do lago Motaviano?!? Nós não temos meios de chegar na ilha!” exclamou Noah.

“Acalme-se, meu amigo. Nossa cidade se orgulha da sua hospitalidade… nós providenciaremos um pequeno bote para vocês poderem ir até a ilha… Jeremy!” ele chamou. Num instante, o jovem homem que os levou para a casa de Ashley retornou. “Jeremy, prepare um bote para eles dois. Eles precisam de um para irem até a ilha no lago Motaviano.”

“Sim, sr. Prefeito. Num instante.” Ele se foi tão rápido quanto veio.

“Então, amigos, vocês são de Palma, né? Eu ouvi dizer que Palma é um belo planeta. É verdade? Eu gostaria de visitá-lo um dia.”

“Ele era belo, antes de Lassic chegar. Você nunca esteve lá?” perguntou Odin.

“Eu estive lá há muitos muitos anos atrás, quando eu era uma criança, mas nunca mais estive lá. Há muito que eu quero voltar…” Subitamente, uma garota, de no máximo cinco anos, entrou correndo na sala. Ela parou em frente a Odin, sorrindo, rabo de cavalo e tudo mais.

“Esta é a minha neta! Ela é um grande poço de alegria!” disse Ashley, um grande sorriso apareceu no seu rosto.

A garota virou a cabeça para ver Odin, rindo o tempo todo. “Oi! Eu sou Miki! Você gosta de jogos da Sega?”

Odin olhou intrigado para o prefeito. “São pequenos aparelhos eletrônicos… deixa ela entretida por horas e horas…” sussurrou Ashley. Odin olhou para a garota.

“Olá, Miki, meu nome é Odin. Você gosta de jogos da Sega?”

“É claro! Os jogos da Sega são os melhores! Tchau-tchau!” Miki se virou, e correu de volta para fora.

“A garota certamente tem muita energia, prefeito,” comentou Noah.

fanworks/psultimate/epico/epico_022.txt · Última modificação: 2009/01/16 13:32 por orakio

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