A GAZETA DE ALGOL

"O morto do necrotério Guaron ressuscitou! Que medo!"

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Capítulo 20

Por James Maxlow e Mike Ripplinger
Traduzido por Vovô Dorin

“Ah, meu jovem pupilo, você está se preparando para enfrentar Lassic…“ Noah permanecia com Mestre Tajim no quarto de leitura do velho Esper enquanto os outros três esperavam do lado fora no “corredor”. Tajim tinha quatro quartos nas profundezas da caverna, cada um preenchido com montanhas de livros, artefatos e bugigangas de origem desconhecida.

Tajim mesmo era um extremamente baixo, troncudo velho homem, guarnecido por um manto branco que parecia brilhar com o seu próprio poder. Ele segurava um pequeno cajado, muito parecido com o de Noah. “Quando o governador me contatou pela primeira vez sobre o plano dos jovens heróis para derrubar o tirano, eu imediatamente disse a ele para enviá-los a você.”

“Sim, tudo isto estava explicado na carta que Sirus enviou,” disse Noah. “Com certeza eu não teria me unido a eles sem a instrução… mesmo agora eu tenho grandes dúvidas sobre as suas habilidades. Cada batalha que nós triunfamos, cada obstáculo que nós ultrapassamos… mas desafiar o próprio Lassic está muito além de qualquer coisa que eles tenham experimentado.”

“Talvez você esteja muito apressado em reduzir os valores dos outros antes de examinar o seu próprio, jovem Noah…”

Noah ficou confuso com este comentário. “O que você está dizendo, Mes…”

“Vamos, você deve passar no teste final…” explodiu Tajim, “nós vamos duelar!” Imediatamente, Tajim apontou o seu cajado para frente, e duas bolas de fogo saíram, que se lançaram em direção a Noah. Sem pensar, lançou-se para trás, levantando seu cajado no momento exato para absorver as bolas de fogo. Como Tajim levantou sua arma novamente, Noah se levantou, desta vez preparado para o desafio. Mais fogo veio, mas agora Noah, em lugar de usar seu cajado para absorvê-los, rapidamente virou-se para o lado. Uma fração de segundo depois, duas rajadas recortadas de luz foram disparadas na direção de Tajim, golpeando-o para trás, apesar de ainda se manter de pé.

Esta peleja continuou por minutos, com Noah e Tajim recusando-se a jogar a toalha, continuando com os ataques mágicos. O pequeno quarto estava aceso pelas bolas de fogo voadoras, raios de luz e torrentes de vento místico. Era óbvio que nenhum dos competidores poderia triunfar sob as atuais condições.

Mas Noah não podia se manter na defesa. Percebendo um fraquejo, subitamente ele correu em direção a Tajim, justamente após se esquivar de um ataque, particularmente lançado para ele. Num instante ele estava sob o ancião, e ele dirigiu seu cajado para frente e balançou-o para cima, arrancando o cajado de Tajim das suas mãos e atirando-o vários pés adiantes. Ambos ficaram imóveis.

Um sorriso surgiu no rosto ancião de Tajim. “Você está muito mais forte… você está preparado.” Noah abaixou a cabeça, um sinal de humildade e respeito. “Eu vou lhe dar um Manto de Frade como recompensa. Ele irá protegê-lo do perigo…” Tajim começou a tirar o seu manto e entregou-o para Noah.

O jovem Esper estava chocado. Sempre lhe foi ensinado que ninguém exceto o líder dos Espers poderia vestir o lendário Manto de Frade, um manto místico com poderes protetores inatos. Impressionado, ele lentamente pegou-o do seu mestre, substituindo o seu próprio. Enquanto ele o vestia, ele podia sentir um tipo de energia percorrendo à sua volta, diferente de qualquer coisa que ele havia experimentado antes. “Mestre… este manto é reservado somente para a mais alta ordem dos Espers… como eu posso…”

Tajim levantou a mão. “Os dias vindouros serão tumultuosos para você, jovem Noah. Você precisará do poder do manto. E não há mais nada que eu possa lhe ensinar… o seu destino, tal qual o destino dos demais, é vital para Algol.”

”… Obrigado, Mestre. Mas eu tenho dúvidas… quando nós formos para Dezóris, nós não teremos um meio de achar o Aero-Prisma. Você mesmo me instruiu para encontrá-lo na carta, conforme disse Sirus. Mas como…?”

“Você irá encontrá-lo, Noah. Quando você estiver próximo, você saberá. É como tal deve ser.” O jovem Esper não estava satisfeito com a resposta, mas ele sabia que não conseguiria obter mais nada de Tajim. “Há mais. Algo que eu mencionei na carta. Você deve proteger a garota.”

“Alis?” perguntou Noah. Tajim concordou.

“Sim. O destino dela, mais que o de qualquer um de nós, está ligado ao do sistema inteiro. Eu não consigo enxergar o futuro dela, mas ela deve tomar parte no Grande Jogo. Você nunca deve falhar para com ela, Noah. A sobrevivência dela deve ter preferência sobre todo o restante…”

A afirmação de Tajim era óbvia. Mesmo as vidas dos outros, a sua própria vida inclusive, não poderiam estar acima da vida dela. Noah concordou compreensivamente.

Do lado de fora, Alis e os outros estavam sentados, obviamente por causa do que se passava dentro do quarto. “Eles já estão lá há um bom tempo,” dizia Odin.

Myau, que estava visivelmente incomodado por causa da permanência deles no meio de uma caverna infestada de monstros, falou. “Noah estava muito sério quando ele entrou… eu imagino que eles estejam discutindo coisas de grande importância.”

“Bem, eu não gosto de ficar de fora das discussões de Noah,” replicou Alis. “Ele não deveria estar escondendo coisas da gente…”

“Este é o modo Esper de ser, Alis. Eles têm sua própria comunidade, uma irmandade. Com certeza lá existem coisas que eles dizem uns para os outros que eles não podem dizer para as pessoas de fora.” As palavras de Odin, apesar de verdadeiras, não sufocavam o incômodo que Alis sentia com a situação.

A porta para o quarto de leitura se abriu, e Noah apareceu, sozinho. “Tudo certo, nós terminamos por aqui.”

“Desta forma?” perguntou Alis. Um instante depois ela percebeu o novo manto de Noah.

“Sim. Mestre Tajim me deu palavras de aconselhamento, e nós agora podemos prosseguir o nosso caminho.” Com isto, Noah passou por eles, em direção à saída no final oposto do quarto. Os outros se levantaram e o seguiram, cada um pegando suas armas para o retorno à superfície.

“Eu espero realmente que tenham sido bons conselhos,” disse Odin para si mesmo.

- - -

A viagem de volta para Uzo no landrover foi incrivelmente quieta. Cada herói estava perdido em seus próprios pensamentos, todos os rostos calados. O compartimento de carga da nave deles provou ser largo o suficiente para colocar o landrover, assim como Odin facilmente manobrou-o para dentro de tal espaço.

“Para Dezóris?” ele perguntou enquanto todos se deslocavam para seus assentos.

“Sim, é a nossa próxima…” começou Noah. Mas Alis o interrompeu.

“Não, nós estamos voltando para Palma. Se aquele hovercraft é realmente recuperável, nós estamos indo pegá-lo.”

“Mas por quê…” questionou Myau, “nós precisaríamos de um hovercraft?”

“Porque com ele nós podemos ir para Drasgow,” ela respondeu.

“Drasgow…” sussurrou Odin. “É claro.”

“Meu irmão mencionava muitas vezes a cidade flutuante de Drasgow,” continuou Alis, “dizendo que ela era a mais ativa da resistência… até que as linhas de navegação foram fechadas.”

“Atualmente ela está completamente isolada dos continentes,” explanou Odin. “Quem sabe como eles estão sobrevivendo.”

“Apesar de tudo, se eles puderem nos prover com algum suporte, valeria a pena a viagem. Hapsby,” ela chamou, “leve-nos de volta para Palma.” Noah consentiu silenciosamente, apesar dele estar inseguro em permitir que Alis tome a liderança. Destinada para ser essencial ou não, ela certamente não possuía nenhuma experiência real. Certamente ele ficaria de olho nisto.

- - -

“Eu estou certo de que Hapsby e eu podemos repará-lo,” disse alegremente o Doutor Luveno. “Dê-nos meia hora.” Todos os seis, os quatro heróis, Luveno, e Hapsby, atualmente estavam empurrando juntos o lixo e a sucata para longe do hovercraft danificado, que estava nos arredores de Bortevo. Eles vieram de Gothic no landrover, já que a nave não poderia pousar com segurança em nenhum outro lugar. Ficou acordado que as montanhas próximas à Gothic deixariam a nave bem escondida de qualquer um que possa relatar o visto para Lassic.

O hovercraft era ainda menor que o landrover e era óbvio que ele seria um pouco apertado para todos eles quatro. Alis, Myau, e Noah caminharam para um local mais afastado dentro da cidade, deixando Odin para assistir Luveno e Hapsby.

Como eles encontraram uma sombra debaixo de uma árvore para sentar e descansar, Alis virou-se para Myau. “Nós não tivemos muito tempo para discutir o que ocorreu em Abion, meu amigo. Chateou a todos nós como você está lidando com isto… nós queremos te ajudar a superar isto, mas você deve parar de tentar nos deixar de fora…”

O rosto de Myau se abrandou mais do que já havia nos últimos dias. Ele descansou o seu queixo em cima da sua pata dianteira, esticando-se no chão. “Eu pensei muito sobre o meu papel na tragédia… eu não parei de pensar sobre isto desde então. Eu tive um tempo difícil negando responsabilidades, conforme você viu.”

“Mas você não é responsável, Myau. Tudo isto, todas as pragas do nosso mundo, são obras de Lassic. Você não causou a morte deles tal qual eu não causei a morte de Nero…” declarou Alis calmamente.

“Mas você não foi escolhida para ser a protetora do seu irmão. Era minha obrigação proteger o meu povo, afastar as ameaças deles. Mas eu escolhi deixar esta responsabilidade para trás. E por causa disto, eles estão mortos.”

“Você não escolheu deixar o seu papel para trás, Myau” ela reagiu, “você escolheu usar a sua responsabilidade em outro caminho. Lassic é uma ameaça onipresente e você escolheu lutar contra ele, junto com Odin. Não há um modo de você poder defender o seu povo em todas as frentes… você tinha de escolher. Mas você nunca parou de lutar por eles, nunca parou de tentar protegê-los…” O Gato Almiscarado não teve resposta.

Noah participou da conversa pela primeira vez. “Myau, há pouco tempo atrás, nós Espers estávamos diante de uma escolha. Lassic nos baniu de Palma, porque nós não permitiríamos o desejo de vida eterna dele. Foi então que nós conhecemos a sua verdadeira maldade. Nós poderíamos aceitar as suas ordens e deixar Palma, ou nós poderíamos ficar e tentar lutar contra ele pessoalmente. Nós deixamos, sim, mas nós não abandonamos o nosso lar. Em Motávia nós treinamos incessantemente, nos fortalecendo para quando nós tivermos de lutar. Nenhum dia se passa sem que um Esper não se lembre do fato de que nós fomos embora… mas nós sabemos que esta era a decisão correta. Nós não poderíamos enfrentar as forças de Lassic então… nós teríamos falhado e certamente teríamos sido destruídos. Mas agora nós estamos mais poderosos e mais capazes de lutar contra ele em meios mais discretos… minha presença hoje com vocês é testemunha do fato de que nós nunca deixamos a luta. E todo o tempo, nós sabemos que depois que nós escolhemos ir embora, centenas, até mesmo milhares de Palmanianos perderam, e continuarão a perder, suas vidas. Isto pesa muito sobre nós, assim como a perda das suas famílias pesa sobre você. Mas nós nunca nos esquecemos que nós fizemos a escolha correta. Nós nunca nos esquecemos que nós optamos por uma estrada maior, onde no final, mais vidas poderão ser salvas. Esta é a escolha que você fez, Myau. Você escolheu proteger o seu povo salvando um mundo inteiro. Esta escolha pode trazer muitas perdas, mas é a que você deve fazer, por todos.”

Myau recostou-se, silenciosamente de novo. Alis pôs a mão nos ombros dele enquanto ela se recostava na árvore. Ela não poderia dizer mais nada. Noah havia dito tudo.

fanworks/psultimate/epico/epico_020.txt · Última modificação: 2009/01/16 13:30 por orakio

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