A GAZETA DE ALGOL

"O morto do necrotério Guaron ressuscitou! Que medo!"

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Capítulo 8

Por James Maxlow e Mike Ripplinger
Traduzido por Orakio Rob

A caminho da caverna, Alis e Myau foram confrontados por duas criaturas similares ao escorpião com o qual Alis lutou a dias atrás. Elas foram facilmente derrotadas por seus esforços combinados; aqui, em campo aberto, os monstros não podiam contar com o elemento-surpresa.

Além desse pequeno incidente, a viagem seguiu sem interrupções. Falando sobre suas vidas, aprendendo a desfrutar da companhia um do outro, essas coisas os mantiveram ocupados. Mas agora, quando faltavam poucos metros para a entrada da caverna subterrânea, eles estavam completamente concentrados em sua missão. Diante deles estava uma formação rochosa, com uns três metros de altura. Ela se abria para um mundo escuro sob a superfície de Palma, ocultando perigos desconhecidos.

“Temos que tentar sair o mais rápido possível,” Myau avisou, “eu lembro do caminho que fiz da primeira vez. Mas com certeza haverão monstros em nosso caminho. Acredito que voce nunca tenha lutado em uma caverna subterrânea antes?” ele perguntou a Alis.

Não, não lutei. Nunca nem entrei em uma. Todos me diziam para ficar longe delas. Mas se está tao escuro lá embaixo, como as criaturas conseguem enxergar mais do que nós?“ Myau contemplou a entrada enquanto respondia.

“Muitos dos seres que habitam essas cavernas estão adaptados à vida nas trevas. Nossas lanternas devem assustar alguns mais fracos, mas a maioria vai sentir raiva por estarmos invadindo. Eles lutam bem aqui; estaremos em desvantagem. Não há muito espaço, as paredes de tijolos vão limitar muito nosso espaço de luta.” Alis ficou intrigada.

“Paredes de tijolos? Pensei que era uma caverna, uma formação natural?”

“Nao, essa caverna, como muitas outras, foi feita por homens. Meu povo acredita que foram construídas por uma cultura muito antiga, para propósitos desconhecidos. Elas devem ter caido em desuso a muitos séculos atrás, já que ninguém da minha raça se lembra de quem as construiu. Mas como eu disse, estaremos em grande desvantagem. Por isso devemos ser breves.”

“E quanto a Odin?” Alis disse. “Vamos ter que ajudá-lo a chegar a superfície, ou voce acha que ele vai conseguir se virar, após a transformação?” Um olhar confiante surgiu na face de Myau.

“Se eu conheço Odin, ele vai nos liderar, enfraquecido ou não…” Com isso, Myau moveu sua cabeça em direcao à entrada, e Alis sabia que era chegada a hora. Myau confiantemente foi a frente nos últimos metros até a caverna, com Alis seguindo-o logo atrás, espada em punho. Quando alcançaram a porta, Alis acendeu a lanterna; Ela brilhava com força, mesmo ao sol do meio-dia. Dando uma ultima parada, um acenou para o outro, e entraram na caverna.

Apesar da descrição de Myau, Alis ficou tensa com a aproximação do túnel em que estavam prestes a entrar. Do fim das escadas, eles não podiam ver o fim do túnel, ainda que pudessem ver, poucos metros à frente, que havia uma entrada à esquerda. Tudo além disso era ocultado pelas trevas. O caminho em si não devia ter nem dois metros de largura, logo era quase impossível caminharem lado a lado. O teto parecia prestse a esmagar Alis, de tão perto que estava.

“Vou a frente,” Myau sussurrou. “Faça o máximo de silêncio possível; temos que conseguir ouvir as feras se aproximando.” Eles começaram a seguir em frente, em um ritmo que Alis considerou rápido demais para um território desconhecido. Mas sabendo que Myau já esteve aqui antes, ela prosseguiu. Até então, além do cenário assustador, parecia não haver nada de incomum para Alis. Enquanto andavam, no entanto, ela sentiu um cheiro muito ruim que fez seu estômago se revirar. Um pensamento passou por sua cabeça.

“Myau, espere!” ela sussurrou, a excitação em sua voz era evidente. “Você disse que lutou com a Medusa aqui… E se ela ainda estiver por aqui? Se você e Odin nao puderam derrotá-la, que chance teremos…” Um olhar severo de Myau a silenciou.

“Se tivermos que lutar contra a Medusa, que seja. Vamos lutar até o fim. Seu objetivo é libertar Palma do mal, assim como o meu. Isso não pode ser alcançado sem batalhas.” Alis, envergonhando-se de suas palavras, concordou. Eles continuaram.

De repente Myau parou, e Alis quase tropeçou nele. Ela viu suas orelhas saltarem para frente. Ela soube imediatamente que ele havia ouvido algo, apesar dela não ter ouvido. Ela segurou sua espada com firmeza.

E então, Alis pôde ouvir um som bem fraco de algo cortando o ar, ritimadamente, ficando cada vez mais alto. Ela começou a surgir da escuridão além do alcance da lanterna, e voava em direção a eles em uma velocidade considerável. Alis ergueu sua espada, tentando desesperadamente compreender o que era aquilo que se aproximava tão rapidamente. Quando começou a se aproximar, Alis estava pronta para voltar para a entrada. Mas ela olhou para Myau, que estava imóvel, com a cabeça colada ao chão, suas patas dianteiras inclinadas, seus ombros prestes a explodirem. Suas patas traseiras estavam abertas, e Alis ficou curiosa para ver o que ele faria. Então, quando a fera voadora estava a poucos metros de distância, Myau se lançou ao ar em direção à criatura, lançou as patas para frente e suas garras saltaram. Em um movimento brusco, ele fatiou o monstro com ambas as garras. Myau pousou atrás do monstro, que caiu imóvel aos pés de Alis. Em menos tempo do que havia sido necessário para se registrar a presença da criatura, esta já estava morta em frente a ela, jorrando sangue.

Alis deu uma boa olhada nela pela primeira vez: era um olho gigante, ou ao menos parecia ser, com duas asas brotando das laterais. Ela estava chocada com aquela criatura grotesca, quando Myau voltou até ela. “Vamos, não temos tempo a perder.” Myau seguiu em frente, e Alis desviou o olhar da terrível visão para acompanhá-lo.

Eles chegaram à primeira divisão do caminho, que seguia para a esquerda. Virando nessa curva, eles seguiram por mais um corredor. Enquanto andava, Alis olhava com frequência para trás, disposta a não ser pega de surpresa. Pouco depois, ela viu mais uma curva para a esquerda. Era tão parecida com aquela na qual haviamm virado antes que ela começou a se perguntar se Myau sabia para onde estavam indo.

Minutos depois eles chegaram a mais uma divisão. Não havia mais como seguir em frente, havia passagens para a esquerda e a direita. Myau parou, olhou pelos dois lados, como se não pudesse decidir que caminho tomar. Enquanto Alis esperava, ela olhava em volta. Nada de anormal, para uma caverna subterrânea. Então algo atraiu sua atenção. Do muro logo à esquerda parecia estar… vazando alguma coisa. Era uma gosma azul, e começou a formar uma poça no chão rapidamente. Intrigada com isso, Alis deu um passo em direção à gosma, quando Myau a viu pela primeira vez.

“Afaste-se!” ele gritou. Por reflexo, Alis se lançou para trás, batendo no muro com força. Logo depois, a gosma, em um movimento muito rápido, formou um pequeno disco e pulou para o local que era ocupado por Alis. E pulou novamente em direção a Alis, que se esquivou rolando. Myau logo saltou para seu lado. “Use sua espada! Fatie-o, mas não deixe que toque sua pele!”

Seguindo suas instruções, Alis manejou sua espada contra a criatura que saltava contra ela mais uma vez. A coisa foi cortada em duas partes, que foram ao chão. Enquanto observava, os dois pedaços da criatura começaram a se liquefazer, perdento com rapidez sua integridade. Momentos depois não havia mais nada além de uma mancha azul em frente a eles.

“Desculpe por não ter podido te ajudar; mas uma vez que aquela gosma toca sua pele, ela a devora e penetra em você. Minhas garras teriam sido inúteis. Essa foi uma bela técnica que você usou.” Ainda atordoada pela estranha experiência, Alis deu apenas uma breve resposta enquanto limpava sua espada contra a parede.

“Obrigada.” Myau se virou, observou o corredor da esquerda, e prosseguiu. Alis foi logo atrás.

Eles se viraram mais uma vez para a esquerda antes de encontrá-lo: diante deles, congelado, estava um homem musculoso com uns dois metros de altura. Ele parecia uma estátua de mármore, repleta de detalhes entalhados. Trajando armadura completa, ele carregava um machado em suas mãos. Em sua face havia uma expressão de surpresa; e mesmo nela Alis podia notar sua grande determinação.

“É Odin,” Myau disse. Alis rapidamente pegou o frasco preso ao pescoço de Myau e tirou a tampa. Um estranho aroma preencheu o local, enquanto ela derramava gentilmente o líquido azul sobre a forma petrificada de Odin. Dando dois passos para trás, ela e Myau observaram silenciosamente enquanto o líquido começava a borbulhar. Logo, a superfície rochosa em torno da cabeça de Odin começou a mudar de cor. Seu tórax, seus braços e pernas também. Ele estava voltando ao normal diante de seus olhos incrédulos. De repente, Odin caiu de joelhos, se engasgando com o ar que respirava, antes de olhar para seus salvadores.

“Odin!” gritou Myau, “você está vivo! Nós o libertamos do poder da Medusa!” Percebendo a expressão de Odin que ja se punha de pé, Alis se apresentou.

“Sou Alis Landale. Vim à sua procura… Meu irmão me disse que você é o maior guerreiro de Palma.” Pela primeira vez, Odin falou.

“Seu irmão, quem quer que ele seja, estava exagerando. Ainda que eu ofereça meus agradecimentos por ter me salvado,” nesse ponto Odin se virou para Myau e sorriu, antes de voltar-se novamente para Alis, “gostaria de saber por quê veio à minha procura? E Myau, como você pode arriscar a vida dessa jovem dama trazendo-a para uma missão tão perigosa? Estou muito grato por sua vinda, velho amigo, mas você tomou uma decisão ruim. As cavernas de Palma não são lugar para uma garota da cidade.” Myau ficou imóvel por um momento, sem saber ao certo o que responder, temendo onde a conversa poderia acabar. Ele estava prestes a descobrir.

“Estou em uma jornada para destruir o rei Lassic,” Alis disse, em tom confiante. “Meu irmão foi morto por um de seus lacaios. Seu último desejo foi que eu continuasse sua luta; ele disse que você seria uma ajuda valiosa em minha causa.” Odin começou a interrompê-la, mas Alis prosseguiu, obviamente ela pretendia defender-se, “Eu libertei seu companheiro, Myau, do aprisionamento, e viajei até aqui com ele para libertá-lo. Não quero que um 'Grande Guerreiro' como você tome conta de mim. Se você quiser se unir à minha causa, ótimo. Se não, vamos deixar logo essa caverna horrível e seguir caminhos separados. Não tenho tempo para debater minhas habilidades com você.” Chocado pela força evidente em suas palavras, Odin respondeu concordando.

“Minhas desculpas, cara dama. Não era meu desejo ofendê-la. Na verdade, se você veio até aqui, é uma guerreira honrada.” Alis concordou e sua expressão se tornou mais suave. “Não devo deixar que seu irmão morra sem vingança. Vou me unir a você, pois lhe devo uma. Talvez juntos, possamos livrar o mundo desse tirano.” Odin se pôs sobre um joelho, em um gesto de humildade. Myau falou.

“Vamos, devemos deixar esse lugar. É muito perigoso falar demais por aqui.”

“O sempre impaciente Myau,” Odin sorriu, “mas não podemos partir ainda. Devemos pegar a bússola que escondi em uma das passagens dessa caverna antes de partirmos. Vamos precisar dela em breve.” Sem saber o que ele pretendia, Alis ficou curiosa. “Myau, você vai na frente. Vamos precisar de ouvidos atentos à nossa frente. Eu lhe direi o caminho.” E então Myau começou a seguir novamente pelo caminho por onde eles haviam vindo, e Alis e Odin o seguiram. A cada bifurcação, Odin sussurrava a direção a Myau. Em cinco minutos, eles chegaram a um beco sem saída.

“Você não nos levou a lugar nenhum…” Myau disse para Odin, franzindo a testa.

“Não mesmo, não mesmo.” Odin se agachou, e usou seu machado para levantar uma pedra no canto da parede esquerda. Atrás da pedra estava uma pequena bolsa de couro, que Odin pegou e prendeu a seu cinto. “Muito bem, vamos. Não quero encontrar Medusa novamente… ao menos não agora…”

fanworks/psultimate/epico/epico_008.txt · Última modificação: 2009/01/16 13:19 por orakio

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