A GAZETA DE ALGOL

"O morto do necrotério Guaron ressuscitou! Que medo!"

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Capítulo 7

Por James Maxlow e Mike Ripplinger
Traduzido por Orakio Rob

Alis e Myau seguiram para o portão de saída da muralha. Eles tinham acabado de sair das lojas de itens e alimentos próximas à casa de Alis. O baú que encontraram em Palma foi um achado e tanto; continha nada menos que oitocentas mesetas. Com o dinheiro, eles conseguiram voltar a Palma, e também compraram vários suprimentos nas lojas.

Seu objetivo era entrar na caverna ao sul da zona residencial, encontrar Odin e usar o elixir nele. Seguindo o conselho de Myau, Alis comprou duas lanternas, necessárias para se enxergar algo nas cavernas escuras. Mas as lanternas tinham duração limitada, e não haviam garantias de que elas não se apagariam. Era fundamental encontrar Odin rápido, e retornar a Camineet.

Eles ficaram na casa de Alis ao retornarem na noite anterior; Alis reparou sua armadura, e ambos tiverem um bom e merecido descanso. Levantando-se aos primeiros raios da manhã seguinte, eles discutiram sobre a localização de Odin e sobre o plano de resgatá-lo em detalhes. Já se passara uma hora desde então.

“Eu já não vi você antes?” o guarda perguntou. Enquanto Myau permanecia em silêncio a seu lado, Alys olhou para o guarda com nervosismo. “Sim, não fazem mais de oito dias, certo? Tentando vender remédios em Scion? Eu lembro de você. Para aonde está indo agora?”

“Estou levando esse gato almiscarado para Scion… Eu o encontrei por aí, e ouvi dizer que pagam bem por essas criaturas,” ela respondeu. O guarda ergueu um pouco sua arma.

“Você não pode deixar essa área a não ser que esteja cuidando de questões essenciais…” Myau, ainda em silêncio, cerrou um pouco os olhos. “Mas, como você parece ser uma garota legal, talvez possamos dar um jeito… talvez uma cinquenta mesetas como taxa…” Sabendo que deveria evitar confrontos agora, Alis tirou o dinheiro de sua sacola.

“Isso basta, eu acho,” ela disse entregando o dinheiro ao guarda. Ele olhou para seu parceiro e sorriu. “Acho que agora o gentil senhor vai me deixar passar, correto?” Sua voz mal podia esconder seu desprezo.

“Claro, claro, deixaremos que você passe. Cinquenta mesetas por semana, e você pode sair sempre que quiser. Parece bom para você, Kair?” Seu parceiro concordou. “Bom, então parece que chegamos a um acordo. Vá em frente, e tenha cuidado, hein?” ele gargalhava enquanto acenava para que ela passasse. Alis e Myau passaram rapidamente, sumindo logo da vista dos guardas.

“A corrupção à solta nesse mundo é incrível,” Myau disse. “A loucura de Lassic certamente se apossou de seus servos.”

Por isso é que fazemos o que fazemos. Para fazer com que o mundo volte a ser como era, o mundo no qual eu cresci.“ A dupla começou a contornar a muralha, pelo sul. Ela serviria como guia e como uma semi-proteção para ataques de monstros, ao menos até que alcançassem a caverna. Mas a viagem levaria um bom tempo.

Naquele momento, o brilhante sol algoliano reluzia em sua totalidade, iluminando a terra o suficiente para que eles pudessem ver milhas e milhas em qualquer direção. Bem no horizonte, Myau podia ver o fim da muralha. Quando alcançassem esse ponto, eles teriam que viajar o resto da distância até a caverna em terreno aberto.

Enquanto caminhavam, Myau puxou conversa. “Então, você teve uma infância feliz? Quer dizer, posso perguntar?” Alis sorriu para ele.

“Claro que pode, Myau. Como você disse, estamos nessa juntos. Sim, tive uma infância muito feliz. Nero sempre estava por perto, sendo um bom irmão e um grande amigo para uma garota que não tinha muitos. Tínhamos de tudo; nossos pais adotivos nos davam tudo o que podiam e não nos faltava nada de importante.” Alis parecia contar essa história não apenas para Myau, mas para si mesma, talvez perdida nas lembranças de tempos melhores.

“Seus pais adotivos?” Myau perguntou.

“Sim, meu irmão e eu ficamos órfãos bem novos. Logo depois que eu nasci, meus pais, que trabalhavam nas minas de Motávia, morreram em um acidente. Nero e eu fomos enviados para a casa de pais adotivos em Palma.” Ela olhou para Myau, que a ouvia com atenção. “Eu era jovem demais para me lembrar deles, meus pais verdadeiros. Então para mim, é como se meus pais adotivos fossem meus pais verdadeiros. Eu sempre os amei, desde quando posso me lembrar.”

“E quanto a seu irmão? Ele era velho o suficiente para se lembrar?” Vendo a expressão de Alis, Myau temeu ter tocado em um assunto incômodo. “Alis, me desculpe, você não deve querer falar sobre Nero, eu não devia ter perguntado…”

“Não, tudo bem. Ajuda falar sobre ele às vezes… Nero tinha apenas três anos quando eles morreram. Ele deve se lembrar deles…” Alis fez uma pausa. ”… Mas deve ter sido muito traumático para ele… Nero nunca falou sobre eles, nem sequer admitia lembrar-se deles. Nossos pais adotivos o enviaram a psicólogos, para ajudá-lo, mas não adiantou. Era como se parte dele não permitisse que essas lembranças retornassem.“ Myau compreendeu.

“Frequentemente, nos forçaremos a enterrar experiências, se não tivermos capacidade para lidar com elas… isso se aplica especialmente aos mais jovens,” ele disse.

“Isso é a psicologia de um gato almiscarado?” Alis perguntou fazendo graça.

“Muitas espécies inteligentes compartilham dos mesmos mecanismos de defesa. Existem menos diferenças entre as raças do que você pode imaginar.”

“Chega de falar da minha vida,” ela respondeu, “e quanto à sua? Você teve uma infância feliz?” Alys riu. Myau, sorrindo, contemplou a distância à frente deles.

“Não acredito que tenhamos tempo para falar sobre toda minha vida. Talvez você possa me fazer uma pergunta um pouco mais específica.”

“Está certo, então,” Alis respondeu, “como você conheceu Odin? Por quê vocês dois se uniram?”

“Boa pergunta, boa pergunta. Foi pouco depois que a presença de monstros começou a aumentar,” ele começou a explicar, “a quase dois anos atrás. O chefe do conselho de Scion pôs na cabeça dos habitantes que a maneira de resolver a crise financeira era caçar meu povo, e nos vender como bestas raras e exóticas. Claro, nós nem somos tão raros,” ele acrescentou com orgulho, “nós só sabemos ficar longe da vista dos outros. Fui um dos poucos de minha raça a ser criado como guerreiro, para ser um protetor dos meus irmãos mais passivos. Eu estava voltando de um de nossos passeios à noite, quando vi os scionianos cercando um grupo dos nossos. Imediatamente, comecei a atacá-los, esperando ao menos dispersá-los. Mas eles eram determinados, e estavam em grande número, e logo eles haviam me capturado.” Alis ouviu espantada, impressionada com a capacidade para o mal dos palmianos.

“De repente, lá estava ele. De pé no meio de nós, entre os gatos e os humanos, Odin apareceu do nada. Estava bastante escuro, as lanternas dos caçadores reluziam nele, dando a ele uma assustadora e desafiadora aparência. Ele disse apenas uma palavra: 'Vão.' Aparentemente, Odin tinha alguma reputação entre os habitantes de Scion, já que assim que ele falou, Scionianos largaram suas redes, e correram pela noite, provavelmente de volta a Scion. Quando eles se foram, ele começou a nos libertar.”

“Não é de se admirar que Nero estivesse à procura dele. Um homem capaz de botar os outros para correr com apenas uma palavra deve ser muito impressionante,” Alis acrescentou.

“Sua presença só é superada por suas proezas em batalhas. De qualquer forma, daquele dia em diante, nos unimos para combater o mal em duas frentes: Eu o ajudei a combater a infestação de monstros em Palma, e ele me ajudou a defender meu povo.” Então a empolgação em sua voz diminuiu. “Mas não adiantou. Os caçadores de Scion foram se tornando cada vez mais numerosos. Não podiamos lidar com as duas ameaças. Meu povo estava sendo capturado, e às vezes morto, e seu povo também estava sendo morto pelos monstros. Então decidimos mudar nosso acordo…” Alis pôde ver a dor em sua expressão. “Eu abandonei o dever de defender meu povo… Odin desistiu de caçar monstros… sabíamos que o problema era grande demais para ser tratado da forma como vínhamos fazendo, estávamos…”

“Combatendo os sintomas ao invés da doença?” Alis acrescentou. Myau concordou.

“Nós sabíamos que as raízes do mal deviam ser destruídas. Iniciamos jornadas para libertar o mundo de criaturas com poder de liderança, como a Medusa, Degben e Konsur. Esperávamos que se essas criaturas fossem destruídas, suas legiões cairíam logo em seguida, restaurando a paz e a segurança ao local, eliminando os problemas que haviam originado os caçadores de Scion e a caça a meu povo. Infelizmente, como você sabe, fomos derrotados antes de fazermos alguma diferença. O poder da Medusa era muito grande… E enquanto isso, meu povo continua a ser violentado…” Alis parou, e se abaixou, ficando cara a cara com Myau.

“Você tem meu apoio. Ninguém deveria ter que escolher entre seu povo e todo o resto do mundo. Mas eu lhe dou minha palavra de que farei de tudo a meu alcance para nos libertar, Palmianos e gatos almiscarados, da calamidade que nos rodeia. Destruir Lassic, o coração do mal neste planeta, é a única resposta. E devemos fazer isso juntos. Se seguirmos em nosso caminho correto, ele cairá. Mas somente se trabalharmos juntos teremos sucesso.”

“Você tem razão, é claro, não há outra opção.” Alis se inclinou para a frente e deu-lhe um delicado abraço.

fanworks/psultimate/epico/epico_007.txt · Última modificação: 2009/01/16 13:19 por orakio

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