A GAZETA DE ALGOL

"O morto do necrotério Guaron ressuscitou! Que medo!"

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Capítulo 2

Por James Maxlow e Mike Ripplinger
Traduzido por Orakio Rob

Alis recolheu-se às trevas de sua casa, logo após retornar do modesto funeral de seu irmão. Os poucos amigos que ainda lhe restavam retiraram o corpo da área residencial, para que fosse queimado nas terras além da muralha. Era um risco terrível entrar em campo aberto, mas Nero não podia ser enterrado em Camineet. O cemitério público era operado por homens de Lassic, e um traidor certamente não seria permitido ali. Não que isso importasse; Alis não permitiria que a memória de seu irmão fosse manchada, enterrando-o na cidade corrompida de seus assassinos.

Apesar de suas emoções terem sido severamente testadas durante suas recentes provações, ela agora estava calma, voltada para seu objetivo. Nada menos que a morte de Lassic e a completa derrocada de seu regime demoníaco a satisfariam. Ela devia isso a seu irmão, e também a todos os cidadãos de Palma.

Uma batida na porta a tirou de seus pensamentos. Ela se levantou, abriu a porta e recebeu sua amiga Suelo, a vizinha mais próxima.

“Oh, Alis, lamento tanto pelo que ouvi sobre seu irmão. É realmente uma tragédia. Ele era um bom homem.” As palavras vinham com dificuldade a Suelo, que tentava confortar sua amiga tanto quanto fosse possível. “Sim, eu sentirei muito a falta dele,” Alis respondeu quieta, “obrigada por se preocupar.” O silêncio caiu entre as duas. Suelo buscou os olhos de Alis, e então soube da verdade.

“Sei como você se sente, minha querida, ninguém pode impedí-la de fazer o que quer fazer.” Suelo parou enquanto Alis concordava com a cabeça, “mas se você se ferir em batalha, venha descansar em minha casa. Sempre farei o possível para ajudá-la, e você sempre será bem vinda para descansar em minha casa.” Elas se abraçaram, e lágrimas começaram a encher os olhos de Alis; dessa vez, no entanto, não eram lágrimas de sofrimento, mas de alívio.

“Falei com muitas pessoas na cidade, e todos lamentam sua perda. Muitas pessoas estão dispostas a ajudá-la em sua jornada. Você deve conversar com elas. Além disso, sei que o grupo de Nero tinha um pequeno tesouro de 50 mesetas escondido no armazém.” Enquanto falava, Suelo entregou a Alis uma pequena bolsa cheia de moedas. “Achei que seria doloroso demais para voce visitar o armazém… então eu mesma peguei. Espero que você faça bom uso.”

“Obrigada, Suelo. Por tudo o que você tem feito. Jamais me esquecerei de que o que estou prestes a fazer é por Nero, por você, e por todos. Deus a abençoe, Suelo.”

“Que Deus a abençoe, Alis.”

Suelo então deixou o pequeno apartamento, e Alis estava mais uma vez sozinha. Ela colocou a pequena bolsa de mesetas em sua sacola, junto de sua espada pequena e de seus poucos suprimentos. Contemplando a enormidade da tarefa que a aguardava, ela fez uma breve pausa. Seus pensamentos mais uma vez voltaram-se para Nero. “Nunca mais,” ela pensou, “nunca mais.”

- - -

A pequena casa de Nekise ficava a noroeste de Camineet. Sabia-se na cidade que ele era simpatizante da resistência, mas ele ainda não havia sido visto como tal pelos robotcops. Foi a ele que Alis recorreu para orientar-se em sua jornada.

De baixa estatura, a aparência de Nekise ocultava o fogo de sua personalidade. De sangue quente, ele desprezava os Robotcops e a maldade que eles representavam. Sua sabedoria e sua conexão com o movimento faziam dele uma óbvia primeira opção de contato.

“Sei que você trabalhou com meu irmão, Nekise,” Alis disse enquanto se acomodava no pequeno escritório de Nekise. Livros preenchiam as paredes e papéis cobriam sua escrivaninha.

“Sim, eu o conhecia desde sua juventude. Ele foi uma grande aquisição para nossa causa, Alis.” Alis concordou. “Ele era muito dedicado, e tinha habilidades de liderança para operar nesses tempos desesperadores.”

Apesar dessas histórias sobre seu irmão a machucarem, após menos de uma semana de sua morte, ela estava comovida pelo respeito que os outros pareciam ter por ele. Ela prosseguiu, “Antes de morrer, ele me pediu que procurasse um homem chamado Odin. Ele disse que Odin é um grande guerreiro que pode me ajudar em minha busca.”

Nekise se reclinou na cadeira, e uma expressão de desapontamento preencheu sua face. “Sim, Odin é realmente o melhor, e ele também tem razões para odiar Lassic.” Ele fez uma pausa, e Alis tentava decifrar sua expressão. “Mas ele desapareceu. Recentemente, tenho ouvido histórias de que ele fixou residência em Scion, mas partiu em uma… missão pessoal… e não se ouviu mais nada dele desde então.”

“Então eu devo ir até Scion, e descobrir para onde ele foi.” O tom decidido de Alis entristeceu Nekise.

Antes que você parta, Alis, há algo que devo lhe entregar. Nero uma vez conseguiu um pote laconiano de uma criatura que vivia além da muralha. É um item de grande valor, e pode ser útil a você. Vai lhe render um bom dinheiro.“ Nekise se levantou e caminhou até a estante repleta de livros. Removendo alguns poucos do topo da estante, um compartimento secreto surgiu. Dali ele retirou um pote de metal que brilhava mesmo sob a mais fraca das luzes. Ele entregou o pote a Alis. Ela o pegou, e examinou a arte do pote, e gentilmente colocou-o em sua sacola.

“Obrigada, meu amigo. Sei que farei bom uso dele. Devo partir agora. Nao sei se tornarei a vê-lo, pois se os Robotcops descobrirem minhas intenções, qualquer pessoa com a qual eu entre em contato estará em perigo. Não quero que ocorra com mais alguém o que ocorreu com Nero.”

“Sim, será arriscado, mas eu sobrevivi todo esse tempo, e continuarei em frente. Me procure sempre que precisar de ajuda, e farei o que estiver ao meu alcance. E tome.” Nekise deu a Alis um pequeno cartão de identificação. “É uma identidade comercial. Com ela, os guardas permitirão que voce atravesse os muros da cidade em 'questões essencias de negócios'.”

“Obrigada mais uma vez.” Eles se levantaram, e, sem dizer mais nada, Alis deixou a casa de Nekise.

Ela não vai ter sucesso, Nekise pensou com tristeza, “será que ela seguirá seu irmão na morte?”

- - -

Antes de sua viagem para Scion, Alis sabia que tinha que visitar a cidade gêmea de Camineet, Parolit. Lá ela poderia descobrir mais sobre o paradeiro de Odin, e poderia comprar uma armadura e uma nova espada para sua perigosa jornada.

Mas sua ânsia por informações não foi recompensada. As poucas pessoas com as quais ela se sentia segura para fazer perguntas não sabiam nada sobre Odin. Alguns comentários sobre a monstruosa Medusa e sobre o espaçoporto de acesso restrito foram tudo o que ela conseguiu; ela tinha certeza de que não havia mais nada a ser descoberto por aqui. E então, antes de partir, ela fez uma visita à loja de armas local.

Quem quer que estivesse disposto a se locomover entre as cidades precisava estar bem equipado, e com esse clima os ferreiros podiam cobrar o quanto quisessem por seus produtos. O pensamento de que esses donos de lojas estavam estorquindo o povo perturbou Alis, mas não havia nada que ela pudesse fazer agora. Ela gastou a pequena bolsa de mesetas que Suelo deu a ela em uma espada e em uma roupa protetora, e deixou a cidade. Nem a maior quantidade de armadura a impediriam de enfrentar monstros do lado de fora da muralha, mas o fogo que mantinha sua busca viva a levou a confrontar o medo que esses inevitáveis encontros trariam. Quando ela se aproximou da muralha, preparou-se para ser interrogada.

“Que negócios uma garota frágil como você tem em Scion? Você não irá muito longe lá fora!” um dos guardas comentou enquanto checava sua identidade. Satisfeito, ele a devolveu.

“Eu poderia ir muito mais longe se pudesse ter um desses disparadores de plasma,” Alis pensou. Ela disse, “Eu trabalho transportando medicamentos entre as duas cidades. Os hospitais precisam desses suprimentos.” Com isso, Alis ergueu sua sacola, rezando para que os guardas não quisessem ver esses remédios fictícios. “Muito bem. Será sua garantia de morte,” o guarda dizia gargalhando, e acenou para que ela passasse pelo portão. Colocando novamente a sacola em seu ombro, Alis passou, adentrando o vasto campo aberto. A enorme beleza da visão a impressionou, mas sua empolgação foi interrompida pela intrusão da realidade. Ela não poderia ficar contemplando a paisagem nessa viagem. Todos os seus esforços seriam direcionados para que ela se mantesse viva.

fanworks/psultimate/epico/epico_002.txt · Última modificação: 2009/01/16 13:13 por orakio

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