A GAZETA DE ALGOL

"O morto do necrotério Guaron ressuscitou! Que medo!"

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O Destino do Agente - Capítulo 1

Por Mike Ripplinger, traduzido por Vovô Dorin

O Governador olhou em volta da mesa para os homens e a mulher reunidos. Esta era uma reunião dos líderes de Motávia, os melhores de todos os Agentes. Ele deu uma olhada à sua direita, e viu uma cadeira vazia. Figuras, ele pensou com um suspiro. À direita da cadeira vazia estava sentado o Agente Price, e à direita de Price estava um Homem Calado que não participou da conversa casual que se passou entre eles antes da reunião começar. À esquerda do Governador estava o Agente Chris, seguido pelo Agente Peter e da Agente Gwen por último.

O Governador passou a mão nos seus cabelos grisalhos e deu uma olhada para a janela da sala de reuniões. Do alto da Torre de Controle, Paseo era linda. Mas isto ocorria provavelmente porque não era possível ver a loucura que se passava nas ruas.

De lá ele podia ver os Jardins Centrais, um parque memorial construído a alguns poucos meses atrás e somente recentemente foi dedicado, no aniversário de um ano da destruição do planeta Palma. Quantos morreram? Milhões? Bilhões? O parque era um pequeno monumento para eles, todos inocentes em sua maioria, e todos assassinados pelo computador Cérebro-Mãe.

Ele deu mais uma olhada para a cadeira vazia.

O Lago Odin podia ser visto de lá também. Meses atrás barcos e jet-skis podiam ser vistos cortando as águas mas nenhum mais tem saído da cidade para ir para as docas. Não era seguro. Algumas vezes inclusive as cidades não eram mais seguras, inclusive Paseo. Nesta época, o povo pensava, você sai da sua casa para ir ao mercado e corre o risco de ser pego no meio de uma batalha entre os Rebeldes e os Guardiões.

Esse era o porquê da reunião ter sido convocada hoje. Mas os Agentes sentaram e esperaram pela chegada de seu último colega. De qualquer forma, o Governador não acreditava que ele viria.

Ele então refletiu sobre o caos e o pânico que irrompeu após a destruição de Cérebro-Mãe. Oh, sim, de primeira houve celebração, pois o governo revelou para o povo as verdadeiras intenções de Cérebro-Mãe e o povo celebrou a sua morte, mas não por muito tempo. Em pouco tempo, sem Cérebro-Mãe, todos os sistemas de computação em Algol quebraram. Um novo sistema de comunicações precisou ser construído por inteiro. Essencialmente, Algol regrediu, tecnologicamente, séculos. Era um verdadeiro milagre eles terem reconstruído tudo isto em apenas um ano.

Com agradecimentos aos Guardiões, registrou para si o Governador. Eles mantiveram o povo sob controle e fora da revolução durante o Grande Pânico, reassegurando ao governo a possibilidade de cuidar das coisas, todo o tempo provavelmente não acreditando completamente neles mesmos. E agora que o povo não está mais em Pânico, o Governador não sabia o que fazer com os Guardiões. Eles eram vigilantes, basicamente, mas eles tinham boas intenções e com os Rebeldes por perto e os Agentes ocupados, eles eram necessários. Eles estavam vivendo no submundo agora, e todos os relatórios que passavam pela escrivaninha do Governador diziam que tudo o que eles estavam tentando fazer era eliminar o grupo dos Rebeldes que também estava vivendo no submundo. Os Rebeldes querem derrubar este governo, aparentava isto, e os Guardiões viam isto como uma ameaça para o povo.

Com outra olhada para a cadeira vazia, e para o Homem Calado que se sentou com a cabeça abaixada, era óbvio para o Governador que ele não estava querendo aparecer, então ele começou a reunião.

“Muito bem,” ele anunciou para as pessoas à sua volta, “vamos colocar as coisas em ordem.” E com uma olhada final para a cadeira vazia próxima a ele, a reunião começou.

“Antes de tudo,” disse o Governador, depois de fazer a chamada, e o Governador ter anotado na sua planilha a falta do homem que ocuparia a cadeira vazia que ele olhou, “o que fazer com os Rebeldes?”

“Isto é simples,” disse Chris, olhando para os outros. Todos os outros olharam de volta para Chris, exceto o Homem Calado, que parecia estar envolvido num cuidadoso exame da mesa. “Nós mandamos Agentes secretos para o submundo, encontramos sua base, e explodimos eles.”

Price gemeu. Peter falou alto. “Boa idéia. Mas 'explodimos eles'? Realmente soa profissional,” ele riu. Peter explodiu numa falsa risada de alegria. Chris sorriu, um sorriso que dizia Você não perde por esperar, amigo. Você não perde por esperar.

Gwen balançou a cabeça. Ela pensou rapidamente que sendo ela a única mulher na sala que ela deveria ser o único ser consciente, como sempre. “E sobre os Guardiões? Eles continuam correndo atrás dos Rebeldes como antes. Por que não deixamos que eles continuem enquanto nós aqui do governo trabalhamos para recuperar Motávia ao mesmo tempo?”

O Homem Calado concordou com a cabeça, silenciosamente. Esse era o caminho a seguir, e ele sabia disso. Mas ele nunca poderia convencê-los, mesmo que ele e Gwen proponham juntos. Isso não era uma idéia popular em lugar nenhum. Droga, nem todas as pessoas da cidade gostam dos Guardiões, e, ironicamente, as pessoas eram a razão dos Guardiões terem sido formados: para proteger a população, primeiro dos Caçadores de Biomonstros descontrolados; depois, durante o Pânico, deles mesmos; e agora, dos Rebeldes. Mas os Guardiões estavam atolados com isso, e isso provava coragem. Eles estavam de acordo com a opinião do Homem Calado, mas não somente por esse motivo.

“Os Guardiões,” começou Price, “são vigilantes. Uma unidade do submundo inteira deles. Agradeçam a Deus que o povo ainda tem fé no governo, e eles não terem se aliado aos Guardiões, ou pior ainda, aos Rebeldes.”

“Temos algo, para avançar,” disse o Governador. Ele não estava divulgando nenhuma novidade, todos olharam para ele ao mesmo tempo, inclusive o Homem Calado. “Eu entendo que são os Rebeldes que querem uma monarquia no lugar do atual governo, se a minha memória não falha. Existem algumas pessoas que começaram a pensar que seria a coisa certa… se o homem certo, ou mulher,” ele acrescentou com um aceno para Gwen, “estivesse no trono.”

E cada um na sala sabia quem eles queriam. Neste momento todos olharam para a cadeira vazia, e pensaram sobre o homem que supostamente deveria estar sentado nela.

O Agente chamado Rolf.

“Com todas as apologias ao Senhor Rolf,” começou Price calmamente, “que estaríamos… mal. Para dizer o mínimo.”

Todos acenaram com relação a isto. Inclusive o Governador e o Homem Calado. Então Peter começou a gargalhar.

“No,” ele ria sarcasticamente. “Isto apenas levaria Motávia, e todo Algol por causa disto, imediatamente para uma Era Negra. Você provavelmente pensaria que Dark Force estaria desperto e que tudo o mais iria se afundar novamente! Rolf está louco. Ponto. Ele é um insano, no mínimo, você sabe, depois de… dele voltar de sua pequena viagem pelo espaço afora.”

O Governador fez umas pequenas notas de demérito contra Peter pela sua conduta, e estava para colocá-lo na linha quando o Homem Calado falou.

“Me perdoe, Governador.” O Homem Calado olhou para Peter. “E me permita, Peter,” o Agente Rudolf Steiner, conhecido como Rudo pelos seus amigos, disse, “mas absolutamente você não tem idéia do que ocorreu lá naquela nave espacial.”

Peter devolveu a atenção de Rudo. Então ele olhou para o Governador. “Permita-me falar livremente, senhor?” O Governador concordou, e Peter voltou-se para Rudo. “Está tudo registrado, eis o porquê, Steiner. Vocês voltaram do espaço e Rolf veio ao gabinete do Governador, e quando ele saiu de lá, aquele arquivo foi fechado e você, amigo, era um Agente.”

Rudo sorriu, mas isto não conseguiria atingi-lo, nem mesmo em um ano. “Você não gosta de mim. Você não gosta do Rolf.” Rudo encarou-o duramente, e então acrescentou, “E sim, você não gosta do Governador também, eu posso ver nos seus olhos.” Peter olhou para o Governador rapidamente, e quando ele olhou de volta para Rudo, o Caçador que virou Agente tinha um diferente tipo de sorriso que dizia que era exatamente o que ele queria que Peter fizesse, e Peter apenas confirmou o que Rudo havia dito para ele. “Deixe-me lhe fazer uma pergunta, Peter. Você tem uma irmã?”

“Sim.”

“Você a ama?” espetou Rudo.

“Claro!”

“Quanto?”

“Muito! Ela é minha irmã, Steiner!”

Rudo perdeu qualquer traço de sorriso que ele tinha em sua face, e todo o entusiasmo se exauriu dos seus olhos. “Você não viu a sua morte durante a batalha, viu?” É claro que ele falava de Nei, a entidade meio-humana, meio-Biomonstro, que ele encontrou na sua jornada com Rolf há um ano atrás. “E você apenas não viu a morte dela, você não viu a morte dela por um mundo que a rejeitou. Eu vou dizer uma coisa para você, eu vou dizer somente uma vez, e isto nunca sairá desta sala. Nei foi a pessoa mais corajosa que eu já conheci. Ela foi rejeitada pelo seu mundo, e ainda assim lutou por ele… morreu por ele.”

Ele parou por um segundo, então começou de novo, num tom mais calmo. “Eu amei a minha esposa. E Liz me amou. Rolf amou Nei. E Nei amou-o. Liz pode ter sido a minha esposa, mas o nosso amor alcançou tanto quanto – não em relação à profundidade – o amor de irmãos que Nei e Rolf compartilharam. Eles não se conheciam há muito tempo, não. Mas eles se amavam.” Ele parou, engolindo em seco. “E então ele viu a morte dela em frente a ele. E então ele destruiu o computador que a fez e…”

Ele olhou para o Governador, e então balançou a cabeça. O que ele iria dizer? Ah, sim, Peter, eu esqueci, então nós encontramos uma raça alienígena, os últimos sobreviventes de uma civilização inteira, de fato, e sim, eles nos atacaram primeiro, mas nós matamos todos eles, TODOS eles. O primeiro contato de Algol com vida alienígena, e eles foram assassinados.

Peter rosnou, girando seus olhos. “Eu ainda digo que ele é doido.”

Rudo pôs-se de pé, sua cadeira voando para trás, e no mesmo movimento sacou a sua Arma Sônica do seu coldre, ergueu-a, e colocou o cano na testa de Peter.

“Steiner!” gritou o Governador, pulando da sua própria cadeira, mas Rudo não prestou atenção.

“Apenas por um minuto, vamos imaginar que se eu puxasse o gatilho agora e atingisse a sua maldita cabeça, você ainda sobreviveria. O que você poderia fazer era viver o resto da sua vida sem algo que considera muito vital para a sua própria existência.” Ele sentou-se, mas não guardou a arma. Em seu lugar ele colocou-a na mesa em frente a ele, e cruzou os braços em frente a ele, inclinando para trás na cadeira. Peter recebeu uma boa e dura olhada do homem cujos olhos eram tão distantes quanto o espaço entre Motávia e Dezóris. Seus profundos olhos azuis e cabelos loiros curtos. Ele nunca percebeu isto, mas Steiner era muito forte! Não era de se espantar que esse cara tivesse sido um Caçador…

“Este é o caso de Rolf, Peter, meu amigo,” disse Rudo. Então, finalmente, ele tirou a arma da mesa e guardou-a. Gwen, Chris, e Price olharam para o Governador com as bocas abertas e praticamente deitados na mesa, mas o Governador não estava fazendo nada. Sua boca estava aberta também, chocado com a aspereza de Rudo. Talvez pela primeira vez, o Governador sinceramente pensou que Rolf estava, em uma palavra, confuso. Eu nunca mais vou reclamar se ele chegar atrasado ou faltar às reuniões novamente, decidiu o Governador.

Então Peter falou em voz alta. “Você adquiriu coragem, Steiner.” Sua voz era apenas mais alta que um sussurro.

Rudo sorriu – levantar as pontas dos lábios seria um termo melhor – e balançou a cabeça. “Me chame de Rudo,” disse ele.

Depois de um momento, o Governador falou. “Eu penso que isto é tudo,” disse ele. Com uma olhada final para a cadeira vazia de Rolf, ele acrescentou, “Dispensados.”

Rudo se levantou primeiro e se retirou da sala rapidamente. Peter esperou ele ir. Então ele acrescentou, mais para ele mesmo, enquanto ninguém estava perto dele de modo que pudesse ouvi-lo, “Mas ele ainda está louco, Steiner. E você também.”

fanworks/psultimate/destino_do_agente/agente_001.txt · Última modificação: 2009/01/16 13:46 por orakio

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