A GAZETA DE ALGOL

"O morto do necrotério Guaron ressuscitou! Que medo!"

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A morte de Alys

Autor: Orakio Rob

Essa vai ser uma noite muito difícil. E daqui para frente, minhas noites tendem a piorar. Sabe, ver Alys naquele estado certamente me deixou abalado, mas eu estava tão confiante de que nós derrotaríamos Zio, e Alis recuperaria suas forças. Eu acreditei que isso funcionaria.

E quando, com a ajuda de Rune, conseguimos o Psycho wand, por alguns instantes eu realmente acreditei que poderíamos atravessar a barreira de Zio e curar Alis.

Só agora percebo como fui tolo. A verdade é que em momento algum eu estava realmente raciocinando. O tempo todo, eu estava agindo apenas por impulso. Talvez seja mais fácil assim. Talvez seja menos doloroso seguir em frente e fingir que os obstáculos não estão lá… e talvez seja uma grande covardia.

-“Não consegue dormir, Chaz?”

Quem? Ah, é Rune.

-“Sabe Rune, antes de conhecer Alys, eu cometia pequenos furtos em um país distante. Foi quando Alys me encontrou, e me acolheu como seu aluno na guilda dos Hunters. Com ela eu aprendi a lutar, passei a ganhar meu próprio dinheiro, e pude sustentar um estilo de vida confortável. Tudo estava indo bem. Mas agora… Alys se foi. É claro que quero vingar sua morte, mas o que eu devo fazer? Lutar? E se essa for a saída, lutar em nome de quê?”

Rune suspira, e me pergunta em tom de reprovação:

-“Dinheiro, hein? Voce realmente acha que Alys estava lutando apenas por dinheiro?”

-“Como?”

-“Técnicas de luta. Isso foi tudo o que você aprendeu com Alys?”

-“Eu…”

Rune parece bastante decepcionado. Ele me dá as costas e começa a retornar para o interior da hospedaria. -“Você devia repensar isso tudo, Chaz.”

Maldito Rune. Eu preciso de apoio nesse momento, não de alguém me reprovando. Mas tem algo que ele disse que está me intrigando.

Desde que conheci Alis, ela me pareceu especial. Quando começamos a ganhar dinheiro juntos, eliminando bio-monstros para a guilda, eu pensei que era isso que a movia: dinheiro. Ela sempre foi rápida em exigir o pagamento por seus serviços, e chegou até mesmo a cobrar de Hahn para que ele pudesse seguir conosco. Mas existe algo no que Rune disse.

Pensando bem, alguma coisa não se encaixa. Depois que eliminamos os monstros em Piata, nosso serviço estava concluído, mas Alys seguiu para Birth Valley para salvar o professor Holt. Eu não vi o professor dar dinheiro a Alys.

Ao encontrarmos Seed, Alys concordou em resgatar Demi, para que o clima do planeta voltasse ao normal. Mais uma vez, ela não recebeu um centavo por isso.

E na fortaleza de Zio, quando a onda de energia negra ia me atingir…ela saltou em minha frente, e me salvou do ataque de Zio. Ela morreu por mim, não pelo meu dinheiro.

Sabe de uma coisa? Talvez Rune esteja certo. Talvez haja algo maior pelo que lutar. Rune sabe que agora eu tenho grandes amigos, como Rika, Hahn, Gryz e Demi, e que eles seguirão comigo para qualquer lugar. E ele também sabe que eu preciso ter pulso, e não me lamentar. Ele sabe que eu vou precisar de coragem e, acima de tudo, de muita confiança para liderar meus companheiros rumo ao objetivo de Alys, qualquer que seja ele.

Rune sabe de tudo isso. E ele sabe que não poderá estar sempre por perto quando eu precisar. É por isso que ele não me conforta. Ao invés disso, ele me instiga, me agride, porque acredita em mim. Como eu pude estar tão errado a seu respeito, Rune?

Passos…eu não preciso me virar para saber que é Rika quem se aproxima. Ela pára junto a mim, na sacada. Rika me surpreende. Mesmo sabendo que ela não é um ser humano normal, mas uma criação do super computador Seed, eu ainda me espanto em ver a naturalidade com a qual ela começa a falar ao meu lado, o que em um momento de tristeza como esse certamente deixaria a maioria das pessoas um tanto desconfortáveis para iniciar uma conversa.

-“Ei Chaz? Eu estava pensando…Foi muito bom poder sair do laboratório biológico. Através do banco de dados de Seed, eu aprendi muito sobre oceanos, montanhas, cidades e as pessoas. Mas há uma enorme diferença entre o conhecimento obtido por meio de estudos e uma experiência real de vida…”

Eu percebo a leve tremulação na voz de Rika, e olho para ela, surpreso. Ela inclina a cabeça para baixo, e uma lágrima corre por sua face, enquanto ela prossegue aos soluços:

-“…como o cheiro do oceano, o verde das montanhas, a agitação de uma cidade, e o calor das pessoas…”

As lágrimas correm pelo rosto de Rika, e eu, também, sinto vontade de chorar. Passo meu braço sobre os ombros dela, abraçando-a.

-“Obrigado, Rika. Eu já entendi, tudo bem.”

E era verdade. Eu estava começando a entender em nome de quê Alys lutava.

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